quinta-feira, maio 2, 2024
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PLANTAS GANHAM ESPAÇO NAS CASAS E LOJAS

A Golden Retriever Athena acompanha a tutora, Luara, enquanto ela cuida das plantas da casa – Foto: Arquivo pessoal

A jardinagem ganha força no pet shop: mudança está relacionada ao novo estilo de vida do tutor de pets

A odontóloga Luara Parreira, de Campinas-SP, já frequentava o pet shop por causa da sua Golden Retriever Athena, mas quando começou a reparar na seção de jardinagem da loja, as atenções começaram a se dividir entre produtos para a pet e as plantas. “Começou como uma questão estética, queria enfeitar a minha casa. Mas depois, minha relação com elas foi mudando, se aprofundando”, revela. O que era um hobby inicialmente foi ficando cada vez mais presente na vida e na casa de Luara. Ela admite que hoje, muitas vezes, vai até o pet shop somente para levar itens da seção de jardinagem. “É o lugar que eu mais compro, porque oferece um bom custo-benefício”, diz. E as compras para o jardim de Luara cresceram nos últimos meses graças ao isolamento social. Efeito da quarentena que se multiplicou nos lares brasileiros.  Com o aumento do número de pessoas dentro das casas, a tendência chamada de “urban jungle”, ou seja, trazer para dentro do lar a natureza, ganhou força rapidamente. E muitos pet shops perceberam esse aumento da demanda e passaram a se adequar aos novos interesses dos clientes. É o caso da Agropel Pet Shop & Garden, em Minas Gerais. “Uma das formas de nos adequar a esse momento foi trazer mais informações nas nossas redes sociais para os clientes, como dicas para fazer um jardim vertical, como plantar, quais são os adubos necessários, quais tipos de sementes são melhores para cada época do ano, etc.”, conta Karina Casagrande Trindade, proprietária da loja. 

Mudas de temperos e ervas foram alguns dos produtos mais vendidos do pet shop Casa da Roça durante a quarentena – Foto: Arquivo pessoal

O pet shop curitibano Casa da Roça também percebeu o aumento de vendas. “Tivemos muita saída de sacos de terra, vasos, flores, mudas. O nosso faturamento cresceu cerca de 50% nesses itens”, relata Allyne Arrojo, uma das sócias-proprietárias da loja. Porém, nem tudo são flores. Também houve problemas neste período. “Até hoje alguns fornecedores têm dificuldades em repor as mercadorias. Isso em função do fechamento de algumas fronteiras durante a quarentena. Passamos por falta de alguns tipos de produtos porque pedíamos e os fornecedores não conseguiam entregar”, revela Allyne. Apesar do obstáculo momentâneo, há bastante otimismo em relação ao futuro da seção de jardinagem da loja. “Estamos passando por uma reforma para expandir o pet shop e poder aumentar essa seção que é tão procurada pelos nossos clientes”, explica Allyne.

Além de Luara, a especialista em marketing Karina Nicolossi, de Curitiba-PR, também relatou o aumento das compras de plantas na quarentena. “Durante a pandemia estávamos nos sentindo muito presos no apartamento, então a cada passada no mercado trazia alguma plantinha. Elas deram mais vida à nossa casa”, conta. Ela e o marido são tutores do cachorro Simon e adotaram uma gata que havia sido abandonada durante esse período, a Chanel. Frequentadora de pet shops por causa dos seus animais, ela relatou que não encontra opções de lojas próximas que ofereçam uma boa seção de jardinagem. “Mas adoraria encontrar, facilitaria muito minha nova vida”, aponta. 

ALIMENTO PLANTADO EM CASA

A horta caseira foi um dos motivos que levou a artesã Juliana Morena, de São Paulo-SP, a trazer mais verde para dentro de casa. “Fizemos uma horta e essa sensação de poder cuidar da nossa alimentação é muito forte”, explica ao contar que envolveu também os filhos pequenos na rotina de cuidar da plantação. “Todo dia alguém da família se propõe a molhar todas as plantas (que são muitas). Em cima com o balde, embaixo com a mangueira, e às vezes molhamos uns aos outros nos dias quentes. Eventualmente aplicamos nelas óleo de neem, adubamos com esterco de galinha e colocamos mais terra”, relata. Assim, Juliana utilizou a conexão com as plantas para aumentar a interação dos filhos com a natureza. 

Algumas das mudas do apartamento da especialista em marketing Karina Nicolossi foram presente da avó – Foto: Arquivo pessoal

A horta também faz parte da “flora” da casa de Luara, que mantém mudas de manjericão, alecrim, cebolinha, arruda, hortelã e até pimenta. E a busca pela formação de uma horta caseira também foi muito sentida nas vendas da Agropel. “Apesar de não existir um item específico que foi mais vendido, muitos clientes buscavam mudas e sementes próprias para formação de hortas, como hortaliças”, afirma Karina Casagrande. Allyne diz que a Casa da Roça também vendeu muitos itens para clientes que tinham o mesmo objetivo. “Houve muita procura por temperos, como salsinha, cebolinha, coentro, orégano e até mudas de alface”, diz.

PREOCUPAÇÃO COM OS PETS

Quem também parece gostar da horta de Juliana é a cachorra da família, a Carol. “Eventualmente ela come algumas plantinhas, principalmente ervas ou sementes de frutas que deixamos para germinar, como morango, tomate, etc. Mas costuma conviver superbem com elas”. Juliana conta que precisou plantar a cebolinha duas vezes até entender que Carol estava comendo a muda. “Evitamos deixar as possíveis plantas tóxicas na parte de baixo, próximo ao chão [onde a pet tem acesso]. A lavanda, por exemplo, já percebemos que não podemos deixar acessível porque ela comia”, relembra ao afirmar que toma alguns cuidados com plantas que não são “pet friendly”.

Carol, cachorrinha de Juliana Morena,
eventualmente come algumas ervas,
sementes ou plantinhas da horta –
Foto: Arquivo pessoal

A odontóloga também tem a preocupação com plantas possivelmente tóxicas para pets, avaliando o comportamento de sua Golden. “A Athena geralmente é muito tranquila e não mexe com as plantas. No máximo as cheira quando estou regando, como quem quer entender porque estou dando atenção a outras coisas que não ela mesma”, relata Luara, que se diverte com a carência da pet. “Apesar disso, se algo é realmente tóxico, procuro deixar no alto, fora do alcance dela”, garante. 

BENEFÍCIO EMOCIONAL

Se há uma constante em todos os relatos das “mães de plantas” é o benefício emocional que elas trazem para dentro dos lares. “Elas complementam a vida da casa. Nos trazem sorrisos com seus ciclos. Às vezes vivenciamos a quase morte e o renascimento. O nascer de novas folhagens ou flores que acompanhamos de perto traz empoderamento e alegria”, descreve Juliana. Para Luara, também existe uma questão espiritual envolvida. “Eu acredito na energia das pessoas e elementos que nos cercam, e eu sinto a energia que as plantas espalham. Elas trazem mais vida para dentro da minha casa”. Já Karina conta que teve um momento especial junto com a avó ao dividir “plantas compartilhadas”. “Depois que disse que estava comprando umas plantinhas para o apartamento, minha avó separou para mim várias mudinhas do que ela já tinha plantado na casa dela.” 


Por Aline Guevara


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