sábado, abril 27, 2024
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TENDÊNCIAS DE COMPORTAMENTOS DE CONSUMO ENTRE TUTORES IDOSOS

Assim como a população de cães cresce, a de idosos também, e o vínculo entre eles não deve ser desprezado pelas empresas pet

Foto: Halfpoint/iStockphoto.com

Enquanto a população de cães no Brasil segue em crescimento e alcançou a marca histórica de 52 milhões de indivíduos, o número de idosos no Brasil deverá crescer 50% nos próximos 20 anos, totalizando 30 milhões de pessoas e elevando o país à 6ª colocação no ranking de países com maior população de idosos do mundo, segundo o IBGE (2010). Considerando esses dois fenômenos, é possível olhar para os comportamentos de consumo entre tutores idosos de cães.
O ser humano e os animais sempre foram próximos e, com o passar do tempo, essa relação passou por diversas mudanças, construindo o conceito de pet keeping. Soma-se a isso o envelhecimento exponencial da população, que permite que idosos se mantenham protagonistas nas relações sociais e atuantes nas relações de consumo. O idoso contemporâneo vive o desafio de “envelhecer bem”, ou seja, a todo momento a sociedade deseja que ele seja produtivo e tenha qualidade de vida. Por outro lado, o processo de mudanças nas estruturas familiares também contribuiu para o isolamento do idoso e sua consequente perda de interação humana com os mais próximos (familiares, amigos etc.), levando-o a construção de novos vínculos afetivos.
Encontramos como evidência dessa transformação a importância do cão como companhia, passando a ocupar um lugar de maior destaque na vida do tutor, como um membro da família. Em consequência, observamos transformações nas práticas do pet keeping, com alterações nos produtos e serviços, assim como nos significados do consumo, impactando na rotina de cães e tutores.

REFEIÇÕES GANHAM UM NOVO STATUS

No dia a dia do idoso, a alimentação do pet transcende seu objetivo meramente funcional, integrando-se à sua rotina diária. O cão não apenas se alimenta, mas ele almoça, janta e toma o café da manhã, assim como o seu tutor. Esse fato tem uma implicação gerencial para a indústria pet food, que observa esse cenário para desenvolver novos produtos. Além disso, outros alimentos industrializados, como os cookies e petiscos, são ressignificados e oferecidos ao pet nessa ocasião de consumo, incrementando o uso do alimento completo, além da adaptação de alimentos humanos para garantir uma variação de cardápio para o cão.

AUTOMÓVEL COMO ESPAÇO DE ENTRETENIMENTO

O carro também é utilizado pelo pet, não somente no seu transporte para o banho no pet shop ou quando viaja em família, mas é percebido pelo tutor idoso como um espaço de descontração para o cão que, de maneira voluntária, o elege como um espaço de entretenimento.
A relação de prazer percebida pelo tutor quando ele premia o cão com um passeio de carro permite, por exemplo, imaginar novos acessórios para garantir a segurança e conforto do cão durante sua permanência no automóvel em movimento. Outras adaptações também podem surgir no mercado, como “cadeiras especiais” e “TVs recreativas”, como as utilizadas por crianças em viagens de longa duração. O uso de medicamentos antieméticos também aparece como uma solução para evitar possíveis enjoos e mal-estares.

TELEVISÃO COMO ESPAÇO DE CONSUMO E CONTEÚDO

Observamos a televisão como um ponto agregador na relação entre tutor e pet. Em uma primeira análise, ela integra um momento de companhia e contato físico entre tutor e o cão. No momento em que o tutor consome o conteúdo televisivo, o cão o acompanha, numa relação de proximidade física e carinho. Além disso, a televisão também funciona como “companhia” para o cão nos momentos em que o tutor se ausenta. Já existem canais específicos para cães, com programação desenvolvida para o animal, considerando suas limitações de sentidos e pensada para entretê-lo nos períodos em que está sozinho. Aqui, o desafio para a indústria é pensar em um entretenimento televisivo capaz de cativar a dupla formada pelo tutor e pelo cão.

MOMENTO DE COCHILO DO TUTOR COM O CÃO

O momento em que o tutor dorme durante o dia é dividido com o animal de estimação, que o acompanha, fortalecendo o vínculo de afetividade e companhia entre eles. Aqui percebemos um setor que parece promissor, mas que ainda tem dados mais incipientes do que nos demais setores, oportunizando estudos futuros.
Ao tratar do pet keeping e sua influência no mercado, observamos comportamentos de consumo, assim como produtos – ou categorias de produtos – que emergem dessa prática em transformação, oferecendo subsídios para estratégias de comunicação das marcas e desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades práticas e emocionais desse grupo de consumidores.

Agradecemos a colaboraçâo de Helton Leal, Mestre em comportamento do consumidor, doutorando em marketing e gerente de merchandising na PremieRpet®

Por Helton Leal