sexta-feira, maio 3, 2024
Aves e Aquarismo

Cuidados para introdução de novas aves

A introdução de um novo animal também pode ser desafiador para muitos proprietários e criadores – Foto: Lusyaya/iStockphoto.com

Como orientar o cliente que quer aumentar sua família pet?  

Após adquirir sua primeira ave é comum que o proprietário(a) queira adicionar outra à sua convivência, seja como companhia para sua primeira ave, para reprodução em cativeiro ou apenas com um desejo de aumentar a família. Baseado em seus instintos sociais naturais, algumas aves se adaptam facilmente à introdução de uma nova companhia, contudo, a introdução de um novo animal também pode ser desafiador para muitos proprietários e criadores, muitas vezes pela alteração do equilíbrio natural do ambiente da criação, podendo haver desentendimentos entre esses animais ou, até mesmo, nos piores casos, a introdução de doenças ao local. Os motivos para que isso ocorra são que os novos habitantes têm alto potencial de carregar consigo doenças oportunistas, sejam elas virais, bacterianas ou parasitárias, com altas chances de transmissão ao contato direto ou através de objetos contaminados, trazendo patógenos perigosos para as aves já existentes. Desse modo, é essencial entender os processos de introdução com a finalidade de evitar tais inconvenientes e possíveis contaminações.

Quando adquirir?

A aquisição de uma nova ave acontece por diversos motivos. Em casos de planteis, adquirir um novo animal é interessante para aumentar a variabilidade genética, como também para adquirir mutações ou características recessivas. Em outros casos, novas aves são adquiridas para aumentar a família pet, ou até mesmo como companhia para outro animal de estimação. Contudo, essas aves recém-chegadas, advindas de outros locais que geralmente são desconhecidos, podem ser transmissores de uma gama de doenças. 

É importante salientar que nem sempre as aves doentes irão apresentar sinais clínicos inicialmente, podendo parecer saudáveis. Com isso, quando esse animal doente é colocado junto a outro animal sem nenhum cuidado prévio, a ave que antes era saudável, pode se contaminar com a doença trazida pelo novo animal e, dependendo do grau e do tipo de patologia, uma ou ambas as aves podem vir a óbito.

Foto: Adil Chelebiyev/iStockphoto.com

Doenças que exigem atenção

Existem muitas doenças infecciosas transmissíveis de aves para outras, dentre elas podemos citar: Clamidiose, Micoplasmose, Giardíase, Coccidioses, Salmonelose, Poxvirose, entre outras. As formas de transmissão variam de acordo com cada doença, podendo ser por secreções, fezes, alimentos e objetos contaminados e contato direto. Muitas dessas doenças podem ser fatais para aves, no entanto, existem alguns animais que apresentam resistência a determinadas doenças e quando contaminados não demonstram sintomas (assintomáticos), mesmo assim, são possíveis transmissores.

Quarentena das aves

Para evitar perdas de indivíduos ou até mesmo de planteis inteiros, é necessário estabelecer e manter uma quarentena rigorosa. Durante a quarentena a nova ave deve ser mantida em uma gaiola separada das outras aves e se possível em um ambiente completamente separado. Após estabelecer o lugar em que será realizado o isolamento, será preciso manter materiais apenas para a nova ave, bem como alimentação, objetos de higiene da gaiola, bebedouros e comedouros e afins. Também é importante sempre higienizar bem as mãos ao entrar em contato com a nova ave durante a quarentena, pois as mãos também podem carregar esses patógenos.

Nesse processo, é interessante observar o comportamento do animal diariamente e realizar uma visita ao médico veterinário. Durante esta visita, será realizado, além do exame clínico completo, coleta de material biológico (fezes, sangue, swabs e penas) para exames complementares. Além disso, o médico veterinário será capaz de avaliar a adaptação da ave ao novo ambiente, sua dieta e seu manejo adequado. Caso haja o diagnóstico de alguma doença, é indispensável iniciar o tratamento com o acompanhamento do veterinário especializado em animais silvestres. Não é recomendado que uma ave com doença crônica ou portadora participe de um plantel.

O período ideal de uma ave em isolamento é em torno de 40 dias. O uso de polivitamínicos são permitidos, entretanto, o uso de antibióticos, antivirais ou antifúngicos não devem ser administrados de forma preventiva e sem prescrição veterinária. Além disso, esse período de observação pode ser aproveitado para adaptação à alimentação desejada.

Convívio

De maneira geral, para introdução de aves novas a algum recinto, os cuidados adequados são de suma importância para que não haja contaminação de outros animais do ambiente. Acrescenta-se também que, não só a adoção de recomendações de quarentena para evitar patógenos, mas a adaptação da ave aos animais já existentes são estratégias fundamentais a serem adotadas com a finalidade de evitar brigas ou alterações comportamentais.

A adaptação do convívio entre aves deve ser feita aos poucos, podendo começar com gaiolas diferentes no mesmo cômodo, permitindo contato visual entre os animais e após essa etapa soltá-las em um mesmo ambiente sob monitoração para então poder juntá-las na mesma gaiola, caso estejam bem adaptadas e possam conviver tranquilamente.


Colaboraram para este artigo as acadêmicas e estagiárias da Birds & Cia/NIAAS Alexia Liu, Ângela Azevedo, Thainá Gonçalves, Rafaela Gonçalves e Msc. Felipe Bath CRMV-RJ 8772.


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