segunda-feira, abril 29, 2024
Caderno RegionalDestaques Mercado Pet

Mercados estratégicos, como o do Sul, mostram força no Pet Food

Portos, malha viária e proximidade com matérias-primas são principais atrativos dessa região

Foto: Aymane Jdidi por Pixabay

Nós, da revista Pet Center, estivemos presentes na Med Vep, realizada em Bento Gonçalves – RS, em maio desse ano, e conversando com amigos que atuam nas empresas da região pudemos observar como esse mercado regional tem aproveitado oportunidades e novas empresas têm surgido, principalmente na área de pet food. A região tem sido grande atrativo para instalação de fábricas e surgimentos de novas empresas no segmento. Com certeza essa realidade tem se repetido em outros mercados regionais como Minas, Rio e região Centro-Oeste, que tem inúmeras fábricas se destacando e, muitas delas, clientes nossas da editora, por isso, podemos acompanhar mais de perto esse crescimento também. “O Sul do Brasil tem se despontado na geração de empregos, possuindo mão-de-obra capacitada para os trabalhos. Considerando ainda a proximidade das regiões produtoras de grãos e de proteína animal, que são principais componentes das rações, isso barateia os custos de produção com logística. O Sul também possui boa malha viária para escoamento da produção e está próximo de países importadores como Uruguai, Paraguai, Argentina e Chile e de Portos como Paranaguá-PR, Itajaí-SC e Rio Grande-RS para envio de produto a outros países e para outras regiões mais distantes do Brasil”, aponta o zootecnista Mêndelson Henrique Baldassa Muniz, de Garibaldi-RS, que atua no mercado pet há 18 anos e é representante da Vaccinar Nutrição Animal e consultor na Motus. Ainda segundo ele, o Sul teve e ainda terá bom crescimento no segmento pet, já que grandes empresas como a Mars (Pedigree) e Premier Pet montaram fábricas no Paraná.

Foto: Divulgação

“Ainda temos mais duas novas fábricas em Santa Catarina, uma no norte e outra no sul do estado, já concretizadas e em início de trabalho. Outra em construção também no norte do estado. Estas novas empresas já começam com projeto claro no posicionamento dos seus produtos, buscando qualidade para agregar valor, entrando, principalmente no mercado premium, premium especial e super premium, com produtos sem corantes e antioxidantes artificiais. No Sul também temos empresas explorando os alimentos úmidos, ampliando seu portfólio, quer seja produzindo-os ou terceirizando a produção”, acrescenta.

Com o aumento de empresas na região, a concorrência no Sul também tende a crescer com empresas explorando, inicialmente o mercado regional, depois ampliando suas áreas de atuação. “Para isto investem em tecnologia, capacitação da mão-de-obra, projetos enxutos e bem orientados”, opina Mêndelson.

Foto: Divulgação

Para Guilherme Filho, CEO da Nahrung, empresa pet food com sede em Londrina-PR e escritório em Orlando (EUA), embora existam empresas que atuem em todos os segmentos, há uma concentração maior de produtoras de alimento seco, de todas as categorias, no Sul. “O mercado pet se mostrou muito resiliente e isso atraiu a atenção de muitas empresas, que se sentiram motivadas a participar do nosso mercado. Porém, é um mercado muito competitivo e que está demandando investimentos cada vez maiores. Hoje, para se manterem competitivas, as empresas precisam sempre se renovar e manter o negócio saudável, pois a pressão sobre os preços e custos é grande. E claro, oferecer produtos que encantem e surpreendam os consumidores”, opina Guilherme, que atua no mercado pet há mais de 20 anos. “Meu outro sócio, Evaldo Ulinski Junior, tinha um dos maiores frigoríficos de aves do Brasil, a Big Frango, e já teve indústria pet nos anos 1990 e quis retornar ao segmento”, compartilha Guilherme, que, recentemente, anunciou sociedade com o apresentador Otávio Mesquita. Guilherme também aponta as mesmas vantagens de se produzir pet food no Sul, como o fato de a região concentrar grande produção das principais matérias-primas utilizadas na elaboração de alimentos pet, como cereais diversos e proteínas de origem animal. “Além disso, a região também possui boa malha viária, boa oferta de fretes, bons portos para importação e exportação e relativa proximidade com os maiores centros consumidores de produtos pet do Brasil”, acrescenta Guilherme, cuja empresa atende clientes em todo o Brasil, com destaque para as regiões Sul, Nordeste e Centro-Oeste.

NOVOS PARQUES FABRIS NO SUL

Foto: Divulgação PremieRpet®

A região Sul do país não é marcada apenas pelo surgimento de novas marcas, mas também, abriga muitas fábricas de grandes marcas do setor pet. A PremieR pet®, detentora das marcas PremieR, Golden e Vitta Natural, acaba de completar 25 anos de trajetória e celebra um importante marco em sua trajetória: a inauguração de uma nova planta industrial, localizada em Porto Amazonas – PR. Com essa nova operação, a empresa mais do que dobra a sua capacidade produtiva de alimentos secos e fortalece sua liderança em nutrição de cães e gatos no Brasil. A fábrica no Paraná levou três anos para ficar pronta e investimentos que vão ultrapassar o R$ 1,1 bilhão, concretizando o maior e mais tecnológico polo industrial da América Latina. A localização em Porto Amazonas – PR é estratégica, pois fica próxima de fornecedores de proteína e grãos, bem como de grandes centros consumidores, malha rodoviária robusta e fácil acesso a áreas portuárias e ferrovia, apresentando condições favoráveis tanto para receber matérias-primas importadas que compõem a formulação dos alimentos como para a expansão do negócio.

Foto: Divulgação

Outra empresa que vai inaugurar um novo parque fabril no Sul é a Nestlé Purina. Em um investimento estimado em torno de R$ 1 bilhão, a nova fábrica será instalada em Vargeão – SC e atenderá à crescente demanda do mercado brasileiro por alimentos para cães e gatos bem como consolidará o país como uma importante plataforma de exportação de produtos para outros países da América Latina, Estados Unidos e Europa. A previsão inicial é de contratação de 200 profissionais nos próximos anos e, durante as etapas de instalação, mais de 1,8 mil terceiros. “Estamos confiantes de que levaremos esse importante investimento para SC. A localização que estamos estudando será estratégica para acelerarmos nosso crescimento. Entendemos, também, que a nova fábrica, pela complementariedade, vai gerar valor para as cadeias produtivas da região com o aumento da demanda por insumos da agroindústria existente”, comentou Marcel de Barros, CEO de Nestlé Purina no Brasil.


Por Samia Malas