sexta-feira, abril 26, 2024
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Feiras de adoção: eficaz marketing do bem

Na Pet Center 199, perguntamos aos nossos leitores “Feiras de adoção de pets podem ajudar o negócio de que forma?” A maioria respondeu que valoriza a marca da empresa com pessoas desconhecidas. Confira no texto a seguir como essa ação pode contribuir para a empresa.

Pet shops são locais ideais para que apaixonados por animais encontrem tudo que precisam para seus companheiros não humanos. E, quando as pessoas procuram por um novo amigo de quatro patas, saiba que você também pode ajudar nessa tarefa. Demonstre seu amor pelos animais e, ao mesmo tempo, alie a marca do seu estabelecimento a uma boa causa: invista nas feiras de adoção. 

PLANEJAMENTO
Antes de realizar um evento desses em sua loja, analise se está de acordo com seus objetivos. “Avalie se a ação tem a ver com o perfil da empresa e se está enquadrada em seus valores”, orienta o consultor e palestrante Jefferson Braga.

CLIENTES EM POTENCIAL
Segundo Jefferson, o primeiro passo para organizar uma feira de adoção em um pet shop é estar ciente de exige muita energia e alguns cuidados. “Creio que seja mais seguro contar com uma ONG, que deve ser estudada previamente no mercado e na internet, para associar o nome da loja a um parceiro que tenha um trabalho adequado e reconhecido como tal”, aconselha. Se a parceria deu certo, converse com os responsáveis da ONG para entrar em um acordo sobre os detalhes da feira, como formato, espaço e obrigações de ambos.

Para saber com que frequência realizar os eventos, analise o efeito do movimento no pet shop. “Não digo apenas em termos de vendas, mas do volume de pessoas, e se a ação teve efeito positivo sobre os clientes já existentes ou se os espantou”, explica Jefferson. Com relação ao espaço onde será realizado o evento, o consultor diz que, geralmente, acontece no estacionamento ou no interior da loja, mas é preciso, primeiramente, analisar o que é melhor para cada estabelecimento.  

Flávio Lamas, vice-presidente da Associação Amigos dos Animais de Campinas (AAAC), que constantemente participa de feiras de adoção, enfatiza que a decisão de realizar a feira deve levar em conta o comprometimento da loja e da ONG. Para a AAAC, as empresas devem se envolver socialmente e, no caso dos pet shops, o envolvimento é com a causa animal. “Ter conhecimento de que aquela loja se preocupa com animais de rua, abandonados e resgatados, faz o cliente se sentir melhor, sabendo que uma parte do que está gastando vai ajudar outros animais que não tiveram a mesma sorte que os dele”, destaca. 

CLIENTES EM POTENCIAL
Segundo Jefferson, as feiras possuem potencial para que os pet shops aumentem sua carteira de clientes, uma vez que os eventos são assimilados como uma atitude positiva por parte da loja. De acordo com o consultor, é possível ainda criar “pacotes” de serviços e kits de produtos para quem adota, incrementando as vendas no dia da feira. “Quem adota precisa comprar o alimento para o animal e isso abre espaço para a atuação comercial do estabelecimento. Os serviços médicos também são muito importantes, uma vez que o animal pode precisar de imediato ou no futuro, concluir um tratamento, vacinas, vermifugação ou demais cuidados com a saúde”, destaca, frisando, contudo, que alguns adotantes podem morar longe e ter visitado a loja apenas por conta da feira, o que torna mais difícil sua manutenção como cliente. “Por outro lado, tenho clientes que recebem tutores de locais bem distantes por conta da qualidade, diferencial e atendimento”, diz.

DOIS LADOS DO MARKETING DO BEM
Boas ações fazem bem para quem as realiza e as recebe, mas, neste caso, o benefício da realização dos eventos de adoção nos pet shops vai além. Apoiar a adoção responsável dos pets, para que os SRD de todas as idades e características físicas encontrem um novo lar, reforça o marketing do bem a favor da sua empresa, fortalecendo sua marca. 

Embora a parceria com ONGs e realização das feiras possa ser excelente para a imagem do pet shop, por meio do “marketing do bem”, é preciso ter cuidado para que a iniciativa não se torne negativa. Além de verificar o efeito da feira nos clientes, cheque se a equipe conseguiu realizar suas atividades, se ocorreu aumento nas vendas, nos banhos e demais serviços e até se foi registrado algum furto. “É importante que a equipe esteja treinada e preparada para diversas situações, concluindo as vendas corretamente, satisfazendo os clientes em seus atendimentos e realizando os serviços com profissionalismo. 

Jefferson alerta, ainda, para a opinião formada nas redes sociais, uma questão delicada que deve ser levada em conta na hora de apostar nessa estratégia. “Isso precisa estar claro na mente do empresário, porque um evento mal-sucedido destrói sua imagem, enquanto eventos positivos são mais lentos na composição do saldo positivo”, enfatiza, ressaltando que as pessoas têm mais facilidade de divulgar falhas do que acertos.

Um exemplo do vínculo entre o nome da loja e a ação, em um mau sentido, segundo Flávio, é a doação de um animal doente. Isso porque as pessoas dirão que a adoção ocorreu no pet shop X e com a ONG X, o que é ruim para a imagem. “Então, o pet shop deve se unir a quem faça trabalho sério. Exemplo de seriedade é adoção de animais vacinados, vermifugados e bem cuidados. Animal com parasitas no dia da feira, não.”

ADOÇÃO RESPONSÁVEL
Criada na década de 1980, a Associação Amigos dos Animais de Campinas (AAAC) é uma das ONGs que participa de feiras de adoção há mais tempo em Campinas-SP. Os eventos ocorrem praticamente em todos os finais de semana, às vezes até em dois lugares diferentes. Segundo Flávio Lamas, vice-presidente da AAAC, o principal critério para aceitar parcerias com pet shops é que a loja tenha algum envolvimento com a causa animal. “Não vender animais pesa muito. Entender que animal não é objeto é essencial”, aponta. O trabalho em conjunto é benéfico para os dois lados: a ONG ajuda a promover a imagem do pet shop e a estrutura do pet shop ajuda a ONG. 

Flávio destaca que, atualmente, não se doa uma grande quantidade de animais num mesmo evento e há entrevistas com os tutores em potencial. Uma pessoa que mora em apartamento não telado e quer adotar um gato, por exemplo, não leva o pet para casa até telar o espaço. Outro exemplo é quem mora em uma casa onde, ao tirar o carro da garagem, o cão pode escapar pelo portão. “Hoje a adoção é muito mais criteriosa. Por isso, também temos baixo índice de devolução e maior consciência por parte dos adotantes”, finaliza.