sábado, maio 10, 2025
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INOVAÇÃO, MUDANÇAS E IMPACTOS ECONÔMICOS NO SETOR PET

CONFIRA ENTREVISTA COM NORY BRESCANCINI, VICE-PRESIDENTE DA NOVA DIRETORIA DA ANDIPET, SOBRE AS PERSPECTIVAS DO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO PET

Foto: Divulgação
Nory Brescancini, vice-presidente da Andipet e diretor comercial da Vetline

Em 2025, a Andipet apresentou a sua nova diretoria para o ciclo 2025-2027 ao mercado pet e vet, com nomes de peso no segmento. Um deles, é o vice-presidente da Andipet Nory Fernando Brescancini, que também é diretor comercial da distribuidora Vetline.
Com tantos desafios que o mercado pet e vet têm para enfrentar, conversamos com Nory sobre economia e estratégias que a Andipet prevê para os próximos anos. Confira nosso bate-papo.

Anuário Distribuidores: Podemos dizer que os altos tributos no Brasil são o “calcanhar de Aquiles” do mercado pet e vet, que é sempre visto como próspero, porém, sofre bastante pressão com os altos impostos em serviços e produtos. Assim, de que forma o nosso mercado, especialmente o de serviços (pet shops) e de logística, serão impactados pela nova Reforma Tributária do Governo? A Andipet tem se organizado para dar suporte às empresas em alguma nova medida desta Reforma?
Nory Fernando Brescancini: Espera-se um aumento da carga tributária em serviços veterinários e relacionados com a aprovação da nova Reforma Tributária, visto que os dois impostos novos, o IBS e o CBS, que vão substituir o PIS, o ICMS, o Cofins, o ISS e o IPI, vão somar em torno de 27%. Também no nosso setor, teremos a exclusão das alíquotas reduzidas. Temos alguns produtos que têm alíquotas reduzidas de ICM,PIS e Cofins, e nós não fomos contemplados, como foi o setor de saúde humana. Isso também vai impactar negativamente. Com isso, teremos que ter um reajuste, principalmente nos preços dos serviços, logístico e veterinário, pois vai impactar a cadeia toda.
Assim, a Reforma Tributária vai trazer mudanças que podem aumentar a carga tributária sobre serviços e produtos do setor, e vai chegar no consumidor final.
Porém, a Reforma Tributária também tem suas vantagens, pois vai simplificar a parte de pagamento, crédito tributário e a apuração dos impostos para as empresas.

Anuário Distribuidores: Quais as propostas e projetos que a nova diretoria visa implementar até 2027? O que está no radar de vocês já?
Nory: Temos alguns projetos e, entre os mais importantes, posso citar o de aumentar a participação ativa dos distribuidores na associação; implementar uma ferramenta de consolidação de informações de mercado para o nosso setor; aumentar os pacotes de serviços agregados e gerar valor com os associados, pois existem muitas parcerias que podemos fazer com planos de saúde, entidades etc., tudo para trazer benefícios ao associado; e promover uma interação muito maior com a indústria.

Anuário Distribuidores: Quais os maiores desafios que a distribuição pet enfrentará nos próximos anos?
Nory: O primeiro é o impacto da Reforma Tributária que já mencionei, pois vai ser algo bastante complexo e que vai gerar várias dificuldades nas empresas.
Outro ponto importante é a pressão sobre as margens de lucro, pois o setor cresce, mas as margens estão cada vez mais apertadas e existe uma pressão muito grande para reduzir isto, então, precisamos melhorar a eficiência da distribuição.
Outro desafio é o aumento da digitalização, dos e-commerces e a ascensão de market places. Temos que nos reinventar e, para isso, temos o desafio de investir em tecnologia, para ter interação digital com o cliente, logística mais rápida e ágil. Precisamos também entregar cada vez mais rápido, pois o consumidor está cada vez mais exigente, então a logística tem que ser mais rápida, mas o custo é limitante, então precisa saber jogar este jogo.
O consumidor está mudando, hoje ele é de uma geração diferente da nossa, mais exigente, e com comportamentos diferentes, então, precisamos ficar atentos, diversificar o portfólio e ter estratégias bem focadas que atendam estas novas necessidades. E, além de tudo, o setor está passando por uma profissionalização muito grande, então as pequenas e médias distribuidoras têm um desafio grande para se modernizarem e poderem competir com as demais.

Anuário Distribuidores: O investimento em novas tecnologias na distribuição é outro ponto nevrálgico do crescimento do setor. Elas são fundamentais para trazer mais agilidade nos processos e nas entregas, reduzir custos e falhas, aumentar a produtividade e melhorar a experiência de compra dos lojistas. Em que ponto a distribuição pet está nesta área e o que tem sido feito para apoiar as empresas que precisam avançar nesta área?
Nory: O investimento em tecnologia é fundamental para o crescimento e a eficiência do setor de distribuição, para melhorar a agilidade de processos, reduzir custos e erros, aumentar produtividade, melhorar experiência de compra etc. O mercado brasileiro cresce forte no setor pet. Em 2024 ele faturou 77 bilhões, mas muitas distribuidoras ainda estão ou nem saíram da fase inicial, tecnologicamente falando. Então, a modernização precisa acontecer para acompanhar as demandas e ser competitivo no setor.
Existem uma série de ferramentas e empresas que podemos procurar para nos ajudar, para termos uma automação comercial, usar a inteligência artificial para agilizar e automatizar processos e personalizar atendimento. Neste sentido, a Andipet fez uma parceria com a Máxima Tech, uma empresa de tecnologia para atacadistas, para fomentar inovação e modernização na gestão das distribuidoras, e o associado tem alguns benefícios por fazer isso através da Andipet.

Anuário Distribuidores: A Inteligência Artificial (IA) já é uma realidade na cadeia de logística, se sim, de que forma?
Nory: A Inteligência Artificial já é sim uma realidade na cadeia de logística e vem sendo aplicada de várias formas nas empresas, para otimizar processos e operações, reduzir custos, previsão de demanda, gestão de estoque, roteirização mais inteligente, otimizar as entregas, suporte e atendimento ao cliente, automação de armazéns, enfim, a IA é um tsunami, é forte e já está em nosso ambiente.

Anuário Distribuidores: Gostaria de deixar um recado final aos distribuidores do mercado pet e vet?
Nory: O setor de distribuição pet continuará crescendo, mas as empresas que não se adaptarem a estes novos desafios vão passar por muitas dificuldades. É preciso investir em tecnologia, logística, capacitação, diversificação e em infraestrutura para ficar mais competitivo. Parcerias estratégicas, ficar mais próximo de associações, inclusive as de pet, para poder receber e trocar informações, fazer networking. A IA é o presente, e o futuro, na venda e na logística, ela já está transformando a cadeia logística e precisamos ficar atentos. As empresas que adotarem rapidamente estas mudanças terão vantagem competitiva em relação às outras, conseguindo ter uma entrega melhor, atendimento melhor, com uma eficiência de custo possível.


Por: Samia Malas