INOVAÇÃO, MUDANÇAS E IMPACTOS ECONÔMICOS NO SETOR PET
CONFIRA ENTREVISTA COM NORY BRESCANCINI, VICE-PRESIDENTE DA NOVA DIRETORIA DA ANDIPET, SOBRE AS PERSPECTIVAS DO SETOR DE DISTRIBUIÇÃO PET

Nory Brescancini, vice-presidente da Andipet e diretor comercial da Vetline
Em 2025, a Andipet apresentou a sua nova diretoria para o ciclo 2025-2027 ao mercado pet e vet, com nomes de peso no segmento. Um deles, é o vice-presidente da Andipet Nory Fernando Brescancini, que também é diretor comercial da distribuidora Vetline.
Com tantos desafios que o mercado pet e vet têm para enfrentar, conversamos com Nory sobre economia e estratégias que a Andipet prevê para os próximos anos. Confira nosso bate-papo.
Anuário Distribuidores: Podemos dizer que os altos tributos no Brasil são o “calcanhar de Aquiles” do mercado pet e vet, que é sempre visto como próspero, porém, sofre bastante pressão com os altos impostos em serviços e produtos. Assim, de que forma o nosso mercado, especialmente o de serviços (pet shops) e de logística, serão impactados pela nova Reforma Tributária do Governo? A Andipet tem se organizado para dar suporte às empresas em alguma nova medida desta Reforma?
Nory Fernando Brescancini: Espera-se um aumento da carga tributária em serviços veterinários e relacionados com a aprovação da nova Reforma Tributária, visto que os dois impostos novos, o IBS e o CBS, que vão substituir o PIS, o ICMS, o Cofins, o ISS e o IPI, vão somar em torno de 27%. Também no nosso setor, teremos a exclusão das alíquotas reduzidas. Temos alguns produtos que têm alíquotas reduzidas de ICM,PIS e Cofins, e nós não fomos contemplados, como foi o setor de saúde humana. Isso também vai impactar negativamente. Com isso, teremos que ter um reajuste, principalmente nos preços dos serviços, logístico e veterinário, pois vai impactar a cadeia toda.
Assim, a Reforma Tributária vai trazer mudanças que podem aumentar a carga tributária sobre serviços e produtos do setor, e vai chegar no consumidor final.
Porém, a Reforma Tributária também tem suas vantagens, pois vai simplificar a parte de pagamento, crédito tributário e a apuração dos impostos para as empresas.
Anuário Distribuidores: Quais as propostas e projetos que a nova diretoria visa implementar até 2027? O que está no radar de vocês já?
Nory: Temos alguns projetos e, entre os mais importantes, posso citar o de aumentar a participação ativa dos distribuidores na associação; implementar uma ferramenta de consolidação de informações de mercado para o nosso setor; aumentar os pacotes de serviços agregados e gerar valor com os associados, pois existem muitas parcerias que podemos fazer com planos de saúde, entidades etc., tudo para trazer benefícios ao associado; e promover uma interação muito maior com a indústria.
Anuário Distribuidores: Quais os maiores desafios que a distribuição pet enfrentará nos próximos anos?
Nory: O primeiro é o impacto da Reforma Tributária que já mencionei, pois vai ser algo bastante complexo e que vai gerar várias dificuldades nas empresas.
Outro ponto importante é a pressão sobre as margens de lucro, pois o setor cresce, mas as margens estão cada vez mais apertadas e existe uma pressão muito grande para reduzir isto, então, precisamos melhorar a eficiência da distribuição.
Outro desafio é o aumento da digitalização, dos e-commerces e a ascensão de market places. Temos que nos reinventar e, para isso, temos o desafio de investir em tecnologia, para ter interação digital com o cliente, logística mais rápida e ágil. Precisamos também entregar cada vez mais rápido, pois o consumidor está cada vez mais exigente, então a logística tem que ser mais rápida, mas o custo é limitante, então precisa saber jogar este jogo.
O consumidor está mudando, hoje ele é de uma geração diferente da nossa, mais exigente, e com comportamentos diferentes, então, precisamos ficar atentos, diversificar o portfólio e ter estratégias bem focadas que atendam estas novas necessidades. E, além de tudo, o setor está passando por uma profissionalização muito grande, então as pequenas e médias distribuidoras têm um desafio grande para se modernizarem e poderem competir com as demais.
Anuário Distribuidores: O investimento em novas tecnologias na distribuição é outro ponto nevrálgico do crescimento do setor. Elas são fundamentais para trazer mais agilidade nos processos e nas entregas, reduzir custos e falhas, aumentar a produtividade e melhorar a experiência de compra dos lojistas. Em que ponto a distribuição pet está nesta área e o que tem sido feito para apoiar as empresas que precisam avançar nesta área?
Nory: O investimento em tecnologia é fundamental para o crescimento e a eficiência do setor de distribuição, para melhorar a agilidade de processos, reduzir custos e erros, aumentar produtividade, melhorar experiência de compra etc. O mercado brasileiro cresce forte no setor pet. Em 2024 ele faturou 77 bilhões, mas muitas distribuidoras ainda estão ou nem saíram da fase inicial, tecnologicamente falando. Então, a modernização precisa acontecer para acompanhar as demandas e ser competitivo no setor.
Existem uma série de ferramentas e empresas que podemos procurar para nos ajudar, para termos uma automação comercial, usar a inteligência artificial para agilizar e automatizar processos e personalizar atendimento. Neste sentido, a Andipet fez uma parceria com a Máxima Tech, uma empresa de tecnologia para atacadistas, para fomentar inovação e modernização na gestão das distribuidoras, e o associado tem alguns benefícios por fazer isso através da Andipet.
Anuário Distribuidores: A Inteligência Artificial (IA) já é uma realidade na cadeia de logística, se sim, de que forma?
Nory: A Inteligência Artificial já é sim uma realidade na cadeia de logística e vem sendo aplicada de várias formas nas empresas, para otimizar processos e operações, reduzir custos, previsão de demanda, gestão de estoque, roteirização mais inteligente, otimizar as entregas, suporte e atendimento ao cliente, automação de armazéns, enfim, a IA é um tsunami, é forte e já está em nosso ambiente.
Anuário Distribuidores: Gostaria de deixar um recado final aos distribuidores do mercado pet e vet?
Nory: O setor de distribuição pet continuará crescendo, mas as empresas que não se adaptarem a estes novos desafios vão passar por muitas dificuldades. É preciso investir em tecnologia, logística, capacitação, diversificação e em infraestrutura para ficar mais competitivo. Parcerias estratégicas, ficar mais próximo de associações, inclusive as de pet, para poder receber e trocar informações, fazer networking. A IA é o presente, e o futuro, na venda e na logística, ela já está transformando a cadeia logística e precisamos ficar atentos. As empresas que adotarem rapidamente estas mudanças terão vantagem competitiva em relação às outras, conseguindo ter uma entrega melhor, atendimento melhor, com uma eficiência de custo possível.