Groomers e a responsabilidade animal
Até hoje não consigo entender por que as pessoas acham que nós, banhistas, tosadores ou esteticistas de animais domésticos, não fazemos nada pelos animais e só pensamos em dinheiro, glamour e destaque perante outros profissionais da mesma categoria. Claro que existem exceções, pessoas que só pensam nisso e em si mesmas, mas isso acontece em todas as profissões. Porém acredito que a maioria ainda está no ramo de estética animal por amor aos pets. Algumas pessoas acham que quando pintamos, fazemos tranças e colocamos roupas estamos fazendo algum mal a eles, mas podem ter certeza de que nosso amor por eles é tamanho que nunca nos deixaria fazer algo que realmente trouxesse algum prejuízo a eles. Por isso, sempre usamos os melhores produtos e os arrumamos como se fossem filhos indo para uma festa. Eu vejo várias situações em grupos de WhatsApp que demonstram que a ajuda dada por tosadores aos pets que necessitam acontece no anonimato, eles fazem isso porque amam os animais.
iStock/ Aleksandr Zotov
CONCURSO DE TOSA EM CÃES DE RUA
O Groom Brasil tem uma categoria linda chamada Tosa do Bem. Não são todos que participam e muitos não gostam de participar, mas me orgulho daqueles que se inscrevem nessa categoria. Eu mesmo já tive a honra de julgar um evento desse e a emoção fica à flor da pele. Tosar um cão de abrigo, que não está acostumado e que nunca viu uma máquina ou recebeu um carinho, é uma demonstração de humildade e simplicidade do groomer.
Nós não conseguimos entrar no coração do groomer que pratica a Tosa do Bem, mas tenho certeza de que ele bate mais forte quando o competidor ganha o primeiro lugar. Contudo, também estou certo de que a emoção de verdade só vem quando aquele cão que foi transformado consegue ser doado e ganha um lar.
HISTÓRIA DE RESGATE
Há tempos fiquei sabendo de uma história que me emocionou muito. Um groomer do estado de Minas Gerais chamado Phillipe estava saindo de casa à noite e ouviu um cão latindo muito alto. Ele foi atrás e viu uma cena impressionante: uma cadela se enforcando dentro de uma lixeira. Provavelmente ela estava faminta e foi comer algo em um saco de lixo, mas quando colocou a cabeça ficou presa pelo pescoço em uma grade. Como a lixeira era alta, ficou pendurada e estava se enforcando. Rapidamente ele foi tentar tirá-la e, no desespero, ela começou a morder. Ele então amarrou a boca dela e só assim conseguiu ajudá-la. Infelizmente, como estava muito assustada, ela saiu correndo e ele não conseguiu oferecer comida a ela.
Quando soube dessa história, algumas perguntas me passaram pela cabeça:
– Há quanto tempo esta cadela estava presa?
– Por que ninguém ajudou o animal que estava gritando?
– Por que o groomer, mesmo correndo risco de ser mordido por um cão que não conhecia, fez o resgate?
– A resposta é: porque amamos animais.
Eu queria agradecer ao Phillipe e a todos os Phillipes anônimos que fazem esse trabalho sem pensar no risco, sem pensar no glamour, sem pensar que só porque é um groomer não tem necessidade de fazer isso.
