sexta-feira, março 29, 2024
Administração

REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR E SEUS PROTOCOLOS VITAIS EM FOCO

Quando o assunto é atendimento de emergência e cuidados com pacientes que sofrem parada cardiopulmonar, muitos profissionais desconhecem as medidas que devem ser adotadas para oferecer uma assistência de qualidade e, acima de tudo, rápida para o animal. Pensando em preencher essa lacuna deficitária nos profissionais do setor veterinário, além de oferecer, é claro, troca de experiência sobre o assunto, a feira SuperPet organizou a Conferência  E.C.C. – Emergency & Critical Care Science, que tem como intuito promover palestras sobre atendimento de pacientes em estado crítico. Um dos palestrantes é Rodrigo Cardoso Rabelo, médico veterinário responsável pela palestra sobre reanimação cardiopulmonar (RCP), suporte básico e avançado. Formado em Medicina Veterinária, Rodrigo concluiu seu doutorado na Espanha, pela Universidade Complutense, de Madri. Em 2005, foi habilitado como técnico em emergência médica pelo 3o Batalhão do Corpo de Bombeiros Militares de Minas Gerais e recebeu as habilitações médicas Fundamentals on Critical Care Support (FCCS) e Basic Life Support (BLS). Em 2016 foi o primeiro especialista aprovado no exame de título pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) e pela Academia Brasileira de Medicina Veterinária Intensiva (BVECCS), da qual hoje é presidente. Atualmente é professor visitante de Medicina Intensiva pela Universidade de Brasília (UnB) e gerente de pacientes graves do Intensivet. 

Para ter uma prévia de sua palestra, a ser realizada no dia 3 de abril de 2018, em Campinas-SP, durante a feira SuperPet, veja entrevista a seguir. De início, podemos adiantar que conhecer e seguir o protocolo é essencial para oferecer sobrevida ao animal. 

 

Revista Pet Center: Quais sãos as suas expectativas para a SuperPet? 

Rodrigo Cardoso Rabelo: As melhores possíveis, pois é uma ótima oportunidade de passarmos as novidades da especialidade para os colegas interessados no desenvolvimento da Medicina Veterinária.  
 

RPC: Qual é a relevância de abordar a reanimação cardiopulmonar no congresso? 

Rodrigo: Infelizmente, os resultados com a reanimação cardiopulmonar (RCP) ainda estão muito abaixo das expectativas nos últimos 50 anos. Boa parte desses resultados advém da falta de atenção com os protocolos e treinamentos necessários para melhorarmos os índices de sobrevida depois de um evento de parada cardiorrespiratória. Por isso, devemos estar atentos aos consensos mais recentes e a todas as novidades e ferramentas disponíveis que possam colaborar com nossa rotina médica no pronto-socorro e na terapia intensiva.  

 

RPC: Os protocolos e o consenso veterinário serão discutidos na sua palestra?

Rodrigo: O último consenso veterinário é de 2012 e ainda aguardamos a sua segunda edição. A conferência E.C.C. discutirá os principais pontos de controvérsia nas diretrizes mundiais de RCP veterinária que provavelmente virão na próxima edição do consenso Recover. Trabalhos recentes desenvolvidos nos Estados Unidos apontam que mais de 50% dos profissionais de clínica geral de pequenos animais desconhecem o protocolo de reanimação cardiorrespiratória. É uma situação grave e, creio eu, que no Brasil tenhamos esses mesmos índices. Temos que informar aos profissionais que existe um protocolo e que deve ser usado no dia a dia durante o trabalho. 

 

RPC: Qual será o diferencial da sua palestra? 

Rodrigo: O diferencial é ter dois horários dedicados a um assunto tão específico que é a reanimação cardiopulmonar. Com essa disponibilidade, vamos ter a oportunidade de destrinchar os protocolos (básico e avançado) com mais atenção, afinal, é um tema de relevância que trata do salvamento de pacientes que estão em situação grave. Além disso, discutiremos a realidade Sul-Americana com as principais adaptações sugeridas pela BVECCS ao consenso Recover. 

 

RPC: Qual a importância da feira para os profissionais área veterinária?

Rodrigo: O mais importante é estarem próximos aos especialistas de cada área, com acesso direto às atualizações mais recentes da Medicina Veterinária intensiva, que é uma especialidade muito recente e que inova constantemente. 

 

RPC: Cada vez mais, escutamos falar de atendimentos de emergência para animais. O que ocasionou essa mudança? Há novos protocolos de emergência ou houve uma necessidade de reformular essa área? 

Rodrigo: É uma especialidade que requer habilidades multidisciplinares, pois aborda conhecimentos de clínica médica (cardiologia, pneumologia, gastroenterologia, neurologia, nefrologia entre outras), cirurgia, anestesia, patologia clínica, diagnóstico por imagem, fisioterapia e outras áreas, com o diferencial de focar totalmente nas necessidades do paciente grave. A oficialização da especialidade, em 2006, pelo CFMV e a aprovação de especialistas certificados pelo conselho exige uma mudança de abordagem desde o ensino na graduação, programas de residência e cursos de pós-graduação. A especialidade exige formação rígida para que a área de atuação em emergências e cuidados intensivos se reinvente e traga benefícios aos animais de forma geral.

 

RPC: Como os tutores de pets podem ajudar o médico veterinário diante de alguma situação de emergência?

Rodrigo: Os responsáveis devem ficar muito atentos a qualquer sinal de colapso: perda de consciência, respiração ofegante ou parar de respirar, olhos arregalados e extremidades frias, pois todo cuidado é pouco para prevenir a parada e iniciar os esforços de RCP com a maior precocidade possível. Os tutores devem ser treinados pelos médicos veterinários para realizar o suporte básico extra-hospitalar. Alguns hospitais e profissionais da área, não todos, oferecem cursos que ensinam os “primeiros socorros” para que os tutores possam colocar em prática com os animais. Na Universidade de Brasília (UnB), iniciamos um projeto de ensino e esperamos que traga frutos positivos nesta área de educação continuada aos donos.