quinta-feira, abril 18, 2024
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Vantagens e desvantagens do taxi dog

A maioria dos pets shops que oferecem o serviço de estética animal proporcionam a seus clientes o serviço de “leva e traz”, ou taxi dog, dos animais para o banho e tosa como um diferencial, uma vantagem a mais proporcionada pela empresa. Contudo, nem todos sabem o custo real desse serviço ou as penalidades legais que podem sofrer, ou sequer as vantagens e desvantagens que podem ter ao oferecê-lo a seus clientes. Cria-se uma expectativa de obrigatoriedade para servir seus clientes e não um planejamento empresarial direcionado.
Pelo contexto do nosso cotidiano, sabe-se que as pessoas andam sem tempo, que procuram por empresas que lhes proporcionem facilidades de atendimento e vantagens para poupar o tempo em seu dia a dia. Sabemos que precisamos facilitar a vida de nosso cliente, mas também necessitamos planejar e organizar a oferta de serviço com muita atenção para que se torne vantajoso não só para o cliente, mas também para a empresa. Se fossemos começar a pensar no assunto e planejar a instalação desse serviço de “leva e traz” em nossa empresa de estética animal, qual seria o ponto de partida? A necessidade do cliente ou o planejamento e estratégia empresarial?
 
VANTAGENS E DESVANTAGENS
A principal vantagem do “leva e traz” é o próprio serviço oferecido: praticidade de locomoção, afinal o cliente não precisa enfrentar o trânsito; agilidade adquirida com planejamento de rota; qualificação do profissional, pois o motorista é a pessoa que representa a empresa e toda sua equipe; propaganda no veículo que circula na região de interesse; entre outras. 
A desvantagem é que se, junto com o serviço de estética, vendermos produtos, como o cliente irá comprá-los sem vir até a loja? Acredito que nesse caso seja importante a empresa ter uma boa mídia de marketing para que o cliente que não visita a loja seja informado sobre os produtos. Podemos mandar fotos de seu animalzinho/filhinho com roupinhas novas, mostrar brinquedinhos de que ele gostou, e oferecer guias com promoções imperdíveis, aguçando a vontade do cliente de visitar a loja e comprar, ou até mesmo pedir que leve junto na próxima vez que vier para o banho. Não podemos esquecer a parte clínica, comunicando período de vacinas, nova consulta, apresentando o médico veterinário e suas especializações. O serviço de “leva e traz” é muito mais que um simples transporte, é a empresa e sua equipe na rua, aos olhos do consumidor final, é a cara da empresa representada por um profissional e apresentada sua imagem pelo veículo de transporte. É um conjunto de informações sobre o estabelecimento e o bem-estar do animal. Por isso é preciso criar o interesse com a divulgação nas mídias digital, escrita, pessoal e interpessoal.
 
COMO COBRAR E AVALIAR O USO DO SERVIÇO
O custo desse serviço deve ser discriminado e não embutido no preço do banho e tosa, ser calculado pela quilometragem percorrida de ida e volta (combustível + desgaste do veículo), valor da hora do profissional que busca e leva o animal e perspectiva de quanto tempo de serviço levará para pagar o valor do investimento (veículo), ter noção de retorno do investimento mesmo que seja em cinco ou dez anos, mas você tem que saber o cálculo de retorno e qual o custo no dia a dia. 
Assim, podemos avaliar com clareza as vantagens e desvantagens que esse serviço trará para a empresa, se realmente vale a pena oferecê-lo ou se será melhor educar o cliente para que venha até a loja. É preciso perguntar-se se realmente há a necessidade de implantar o serviço de taxi dog como condição geral ou com restrições de dias da semana e horários pré-agendados, ou se vale a pena porque está agregando parte do custo como investimento em propaganda e marketing. Também é necessário identificar se o serviço é uma exigência do público-alvo, ou se não seria melhor contratar uma empresa terceirizada. Enfim, são muitas questões a serem avaliadas, que precisam ser estudadas previamente, revistas durante o funcionamento e planejadas para um futuro próximo com orçamento de custos desse serviço que estamos dispostos a implantar em nossa empresa. 
 
LEIS EXIGIDAS
Ainda lembrando da legislação, precisamos ter anuência sobre o assunto, muitas vezes não prestamos atenção às leis já existentes por elas não serem cobradas pela fiscalização, mas elas existem e a qualquer momento você pode receber uma multa, que é um prejuízo financeiro e até mesmo ter o veículo recolhido, o que causa constrangimento perante o cliente. Isso é mais comum do que se imagina. Todos sabem, mas talvez não lembrem: Resolução 168/04, artigo 4º parágrafo 1º e artigo 6º parágrafo 2º do CONTRAN diz que o motorista do veículo (“leva e traz”) está obrigado a declarar a condição de que exerce atividade remunerada (EAR) no campo de observação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Em uma abordagem do agente de trânsito, o Código de Trânsito Brasileiro prevê duas infrações para começar: O artigo 135 prevê multa e pontos na carteira e observa as medidas administrativas conforme artigo 161 e atualização da atividade profissional, artigo 241. 
A responsabilidade civil da qual todos estamos cientes cai sobre a empresa que oferece o serviço, além de estar bem claro no Código do Consumidor, que é de fácil acesso a todos, que em prestação de serviço não há caso fortuito, não há desculpas, pois sua responsabilidade começa quando busca o animal até a hora da entrega. Durante esse período, o que acontecer é responsabilidade da empresa prestadora do serviço.
Portanto, não podemos deixar de reconhecer que a implantação do taxi dog para a empresa agrega valor ao serviço. Porém, somente quando bem planejado e com profissional qualificado condiz com a importância dada ao serviço pela empresa, gestor e equipe de trabalho, buscando conciliar aperfeiçoamento técnico-científico e ética profissional. Planejamento e constância na qualificação do serviço é sempre uma vantagem.
 
7  PONTOS QUE DEVEM SER AVALIADOS ANTES DE OFERECER O SERVIÇO
Para colocar no papel o custo-benefício de implantar o serviço “leva e traz”, em resumo, precisamos:
1. Conhecer o público-alvo;
2. Estudar a geografia do território e o perímetro a ser atingido pelo serviço;
3. Ter estratégia de implantação do serviço, elaborando planilhas de quilometragem, garantindo a qualificação do profissional e escolhendo o veículo ideal;
4. Saber o custo do investimento no veículo, do salário do profissional, gastos administrativos etc.;
5. Saber quais são os reais benefícios do marketing visual, da propaganda e da informação;
6. Formar o valor de venda do serviço (taxa por km rodado ou não);
7. Implantar do serviço ou reavaliar o que já oferece.
 
 
KIKA MENEZES
Advogada e consultora que atua na área pet há mais de 20 anos.
Palestrante nas maiores feiras e eventos do mercado pet brasileiro.