Boas práticas de movimentação e armazenagem

A estocagem é parte importante de qualquer negócio que envolva a produção ou a comercialização de bens. A falta de foco e de direcionamento técnico ao tema poderá acarretar diversos problemas aos responsáveis pelos materiais, como furtos, extravios, avarias, erros operacionais, atendimento ruim aos clientes etc.

Por mais relevante que seja para as empresas, a estocagem é ainda uma atividade “marginalizada” em muitos negócios, não recebendo o devido tratamento operacional e contábil. Ela envolve diversos aspectos operacionais, que se estendem desde a questão da infraestrutura física, passando pela organização e limpeza do ambiente utilizado,  aos processos de movimentação e armazenagem dos materiais.

VARIEDADE DE PRODUTOS

O setor pet abrange uma série de diferentes utilidades, que vão desde alimentos, brinquedos, roupas e calçados, comedouros e bebedouros, a guias, cosméticos e medicamentos veterinários, entre outros itens. Cada um deles exigirá, por sua vez, uma solução diferenciada de acondicionamento e de movimentação, portanto, é bem provável que, em seu armazém (no caso de um distribuidor) ou em sua loja, você tenha que setorizar o estoque em função das famílias de produtos e de seus requisitos técnicos. E dentro de cada setor, definir como vai endereçar as diferentes mercadorias existentes.

Medicamentos veterinários exigirão uma infraestrutura específica, com controle de acesso, adequação da temperatura e iluminação, facilidade de limpeza e desinfecção de piso, paredes e tetos, disponibilidade de áreas para a segregação de lotes e de materiais contaminados etc. Já a linha de plásticos, por exemplo, poderá ser estocada em ambiente de carga seca, em prateleiras (caixas e unidades) ou em estruturas porta-paletes (mercadorias paletizadas). No caso dos alimentos, deverá haver um cuidado especial com o controle de pragas (insetos, aves e roedores), exposição a intempéries (sol, chuva, ventos, etc.) e com as condições físicas do local (temperatura e umidade principalmente). 

Normalmente, os próprios fabricantes da linha pet fornecem os requisitos mínimos para a estocagem de seus produtos, informando, por exemplo, a capacidade máxima para empilhamento, a temperatura ideal para armazenamento, as melhores formas de acondicionamento, etc. É importante estar atento a isso e se informar corretamente.

ORGANIZAÇÃO
 

Ainda dentro do escopo operacional, é importante avaliar os processos de recebimento, conferência na entrada, endereçamento (regras e forma de alocação), estocagem, separação de pedidos, unitização das cargas, conferência na saída, expedição e carregamento das mercadorias.Três principais aspectos devem ser observados: 

(1) Existem processos formais em seu armazém?

(2) Esses processos estão alinhados com as boas práticas de movimentação e armazenagem de materiais (considerando as diferentes famílias de produtos pet)?

(3) Esses processos são efetivamente executados por seus colaboradores?

A estocagem também trata das questões de controle, não apenas físico, mas também contábil. Um dos aspectos mais importantes refere-se ao controle dos lotes. Normalmente pratica-se a metodologia FIFO (First IN, First OUT) ou PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai) na movimentação de materiais do segmento pet. Lotes mais antigos, com menor prazo para vencimento, deverão ser priorizados. A atenção ao controle do lote é fundamental na definição do modelo físico de estocagem. Ao estocarmos, por exemplo, em grandes profundidades, corremos o risco de misturar lotes e de não aplicar a estratégia FIFO corretamente. 

 

INVENTÁRIO E SEGURANÇA

Paralelamente a isso, temos a questão do inventário físico. Com que frequência você inventaria as mercadorias sob sua gestão? A equipe envolvida nisso conta com as competências técnicas necessárias? Qual o procedimento da sua empresa quando diferenças de estoques são detectadas? Como você trata disso no âmbito da contabilidade?

Outro tema relevante, relacionado ao controle, refere-se à solução de segurança patrimonial. De que forma você garante que sua empresa não fique muito exposta ao roubo e ao furto de mercadorias? Sua solução com câmeras, controle de acesso, alarmes e sensores de presença é realmente eficaz? Você consegue intimidar alguém que esteja pensando em fazer algum tipo de bobagem? Pense um pouquinho nisso.

O mercado pet vem avançando de forma avassaladora sobre os lares dos brasileiros. Brasil e Japão disputam de forma acirrada o segundo lugar nas vendas globais do segmento, que é liderado com folga pelos Estados Unidos. São mais de 100 milhões de pets por aqui. Portanto, novos produtos virão. O mercado inovará muito. Diante disso, precisaremos saber lidar com essa infinidade de produtos e com a complexidade decorrente de mercadorias cada vez mais específicas, valiosas e sensíveis a diversos fatores.

Como podemos ver, estocar é muito mais do que simplesmente guardar algo. É um trabalho que envolve diversos aspectos, e todos igualmente importantes. A má estocagem produzirá custos adicionais, seja com reparos de produtos, indenizações ou reprocessamentos. Você está disposto a pagar essa conta? Portanto, trate com carinho de sua logística, da mesma forma como trata de seus pets. Sucesso!
 

MARCO ANTONIO OLIVEIRA NEVES 

Graduado em Administração de Empresas pela FGV-SP e pós-graduado em Administração da Produção e Finanças no CEAG da FGV-SP. Possui cursos de extensão em Logística, é palestrante em diversos eventos no Brasil e no exterior e autor de dois livros de logística. Atualmente é diretor-presidente da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda 

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