quinta-feira, abril 25, 2024
Matérias do Mês

Novas tendências no mercado pet food

O mercado de pet food no Brasil já é considerado o terceiro maior do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido. A participação dos pets nos lares brasileiros já é grande e tende a se intensificar, principalmente pela diminuição das taxas de fecundidade no Brasil, que segundo o IBGE poderá atingir a média de 1,5 filhos por casal até 2020, em 1980 o casal tinha em média quatro  crianças. “Esse acontecimento tem favorecido o aumento da aquisição de cães e gatos, que têm suprido o vínculo emocional por parte dos casais com poucos ou sem filhos”, afirma Pedro Bermudes, especializado em marketing e atua em análises de tendência de mercado, na Diana Pet Food. 
 
 
​PROXIMIDADE ENTRE TUTORES E PETS​
De acordo com Pedro, uma das tendências que ganha destaque é a humanização dos animais de estimação. Como dito, o papel dos animais nos lares mudou muito nas últimas décadas, já que estes estão são considerados como verdadeiros membros da família. Essa tendência, impacta diversos produtos e serviços, que antes pareciam inimagináveis no mercado pet, como carrinhos de bebês, aulas de surf, aulas de mergulho, ofurôs de relaxamento, serviços de manicure e joias dos mais variados formatos e preços. No caso do setor de pet food, traz o crescimento do mercado de petiscos, que têm conquistado seu espaço na rotina da relação entre pets e proprietários, ao possibilitar momentos de mimos, recompensas e interações que estreitam a relação entre eles. “Ainda considerados como extremos da humanização, bolos de aniversário cervejas e sorvetes também têm conquistado adeptos e dão suporte ao surgimento desses produtos no mercado nacional, mesmo que ainda timidamente”, diz Pedro. 
 
Outro fator importante a considerar é o crescimento de produtos da linha premium com foco em saúde e bem-estar dos pets. Apesar de uma parcela significativa dos consumidores ainda concentrar-se nos mercados econômicos e standard, aos poucos os segmentos premium e super premium vêm crescendo em participação de mercado. “Esses alimentos terão uma contribuição maior dentro do mercado de pet food, já que estarão intimamente relacionados com a necessidade dos consumidores de oferecer um alimento cada vez mais saudável e específico aos seus animais de estimação”, analisa.

iStock/ HASLOO
 
​ALIMENTOS NATURAIS: OS QUERIDINHOS DO MOMENTO
Os clientes estão bem mais exigentes em relação à alimentação dos seus pets, restos de comida estão fora de cogitação. “Uma parcela significativa dos tutores tem buscado novos padrões de qualidade, comparando os produtos destinados aos animais com os de próprio consumo”, comenta Pedro. Consumidores da geração Y estão influenciando o mercado e são mais antenados, procuram alimentos mais apropriados para seus pets. Eles querem produtos inovadores, práticos e que sejam socialmente aprovados. “As mesmas preocupações que temos e os mesmos cuidados que demonstramos com a nossa alimentação são observados hoje, na hora da escolha da alimentação do animal”, completa Letícia Cazes, especialista do mercado pet. 
 
Com o “boom” da alimentação saudável para humanos, a novidade do mercado pet food são os alimentos naturais. Segundo Pedro, essa será uma vertente importante e que terá ainda mais força no futuro. Algumas empresas utilizam diversos atributos para transmitir essa ideia ao consumidor, seja pela embalagem, nome do produto e principalmente pelos ingredientes contidos neles. As principais diferenças encontradas com relação aos ingredientes contidos em produtos com posicionamento natural para os demais alimentos da indústria estão na ausência de conservantes artificiais, utilizando antioxidantes naturais como tocoferóis, extrato de alecrim e chá verde em sua formulação. “O uso de corantes e conservantes sintéticos já é bastante discutido na indústria pet food e as grandes marcas já adotam o selo de ‘livre de corantes’ ou ‘conservantes naturais’ em seus produtos, pois acreditam que o público procura por esses diferenciais”, comenta a especialista em Nutrição de cães e gatos Carla Maion.  “A substituição por componentes naturais (corantes ou conservantes) tem se mostrado uma ferramenta interessante para a alimentação de animais sem agregar riscos e proporcionando o mesmo resultado dos outros”, completa Carla. 
 
Com menor intensidade também encontramos alimentos no mercado utilizando frutas em sua formulação e algumas empresas têm produtos “livres de grãos”, “sem transgênicos”, “com grãos integrais.”
“É relevante destacar que, no mercado de alimentação humana, essa é uma tendência clara de crescimento e que reflete diretamente na alimentação animal, já que muitos desses pets assumem posição humanizada”, diz Pedro. “A preocupação com a saúde é uma realidade crescente e aqueles produtos que, de alguma maneira, conseguirem transmitir atributos que levem ao natural com certeza serão bem-vistos pelos consumidores”, completa Pedro. 
 
Alguns grandes lojistas já estão atentos ao que os clientes procuram no que se refere à alimentação de seus pets. De acordo com a médica veterinária da Petz, de São Paulo-SP, Karla Marques, os tutores buscam uma alimentação saudável e livre de agrotóxicos e transgênicos, com isso as rações grain free estão entre as mais procuradas na loja. “As rações sem grãos já vêm de um mercado europeu de pet food, onde a maioria das rações têm essa classificação e são sucesso no mercado”, conta Karla. 
 
Outras muito procuradas também são as rações feitas com frango natural, isto é, de aves criadas em vida livre, com rações naturais e sem hormônios. As rações vegetarianas também são a nova tendência no mercado de pet food porque não contêm produtos de origem animal. “Dependemos do Ministério da Agricultura para aprovar a importação desses produtos, mas estamos sempre procurando o melhor, as tendências do mercado internacional, pensando no custo-benefício para nossos clientes”, completa Karla. 
iStock/ alkir
 
​PRODUTOS QUE PROMETEM SER FORTES TENDÊNCIAS NO FUTURO​
Outra tendência que tem surgido aos poucos no mercado de pet food é a dos alimentos gourmet. Geralmente são produtos sazonais que aparecem com mais frequência em períodos de Páscoa e Natal e se apresentam nas formas de chocolates finos, panetones, entre outros. “Apesar da pouca representatividade desses produtos, percebe-se que podem ser indício de uma tendência futura, já que envolvem a interação de pets com seus donos, que buscam mimar e oferecer guloseimas que fujam da rotina e que promovam aproximação entre eles”, comenta Pedro. Nesse aspecto, esses produtos são introduzidos mais como petiscos e menos como alimentação completa e balanceada. “Vamos ver um aumento desse tipo de produto ou serviço, porém eles também terão seus próprios desafios, que é entrar e crescer em um mercado ainda dominado por grandes empresas”, analisa Letícia. 
 
Na Europa, os alimentos úmidos têm representatividade próxima à dos alimentos secos, e os gourmets trazem produtos apresentados em pratos humanos, com aparência sofisticada (de suflês, filés, etc.). “No futuro esses produtos podem ser uma oportunidade para o mercado brasileiro, já que esse segmento ainda é pouco explorado por fabricantes nacionais”, diz Pedro