terça-feira, abril 23, 2024
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Hobby é afetado na pandemia, por falta de campeonatos e encontros

Mário Henrique Simões, presidente da FOB, juiz nacional e internacional, além de criador de canário – Foto: Divulgação FOB

Confira entrevista com presidente da FOB sobre panorama da criação de aves no Brasil nos anos de pandemia

Mário Henrique Simões, presidente da Federação Ornitológica do Brasil (FOB), é engenheiro civil, juiz nacional aprovado pela Ordem Brasileira dos Juízes de Ornitologia (OBJO) em 2006 e juiz internacional desde 2011. Iniciou a criação do canário doméstico por influência do pai, há pouco mais de 14 anos, e já é notoriamente conhecido pela excelência de seu plantel.

A seguir, ele nos dá uma entrevista sobre o panorama do hobby nesse período de pandemia.

Revista Pet Center: Como avalia o mercado de aves atualmente no Brasil, nesse momento de pandemia? Em que estados ou regiões ele tem crescido?

Mário Henrique Simões: Primeiro, é preciso explicar que o foco da FOB não é comercial. Nosso objetivo é fomentar a criação de aves em ambiente doméstico, como hobby e atividade recreativa, de entretenimento, conforto e companhia para envolver a família.

Hoje, 241 clubes formam o quadro associativo da FOB, com um total de 8.310 criadores filiados a todos eles. A região sudeste é a que mais concentra clubes associados: hoje conta com 114 associações e 3.700 criadores associados; depois, a região sul, com 80 clubes e 2.750 criadores; a região Nordeste tem 36 clubes e 1.500 associados; e, por fim, a Centro-Oeste, com 11 clubes e 360 associados.

RPC: Quais os desafios e dificuldades que enfrentam no momento?

Mário: A pandemia tem dificultado a realização dos campeonatos ornitológicos promovidos e supervisionados pela FOB, que não puderam ser realizados em 2020. Um dos maiores prejuízos disso, é a impossibilidade de os criadores terem a qualidade de suas aves avaliadas, isso dificulta o processo de evolução genética de seus plantéis. A realização dos campeonatos, além do intuito de avaliação, visa também a uma maior integração entre todos os criadores associados do Brasil em um momento de confraternização e troca de experiências, que também foi muito afetado.

A FOB enxergou a necessidade de suprir seus associados com conhecimento técnico sobre a cultura de criação e neste período investimos muito em informação. Aumentamos as veiculações em nossas mídias sociais, instituímos as Lives da FOB todas as quintas feiras às 20h, as quais denominamos de projeto “Formando Criadores”. Nessas lives são abordados assuntos dos diversos segmentos de aves regidos pela Federação, além de informações sobre manejo e cuidados veterinários.

Ainda neste período, intensificamos nosso trabalho na busca por uma regulamentação mais condizente com a realidade dos criadores brasileiros.

RPC: Quais as perspectivas desse mercado para os próximos anos? Houve alguma mudança no cenário econômico ou lei que ajudou (ou atrapalhou) no fomento do mercado de aves no Brasil?

Mário: A FOB tem desenvolvido estudos e atuado junto a autoridades do setor público, nos âmbitos federal, estadual e municipal, para conscientizar e promover mudanças significativas na lei que ampare os criadores de aves e ajude a desmistificar alguns tabus sobre o assunto.

Já há alguns frutos desse trabalho que temos desenvolvido junto à área jurídica e que engloba a normatização da criação de aves ornamentais no Brasil. Em nível federal, a FOB monitora todos os Projetos de Lei que são contra a nossa atividade. Esse acompanhamento é feito por meio da CSPET  – Câmara Setorial PET, do MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, e através da própria equipe técnica da FOB.

A FOB tem desenvolvido estudos e atuado junto a autoridades do setor público, nos âmbitos federal, estadual e municipal, para conscientizar e promover mudanças significativas na lei que ampare os criadores de aves e ajude a desmistificar alguns tabus sobre o assunto. Já há alguns frutos desse trabalho […] para normatização da criação de aves ornamentais

Em nível federal, temos: PL 1346-2021, do deputado Reinold Stephanes, desenvolvido com a participação da equipe técnica da FOB, que visa regulamentar as competências Federal, Estadual e Municipal. Além disso, define a questão da criação, comercialização e exposições e determina que o MAPA faça uma lista ampliada de aves domésticas, acabando com a insegurança jurídica hoje existente na criação de aves exóticas.

Desenvolvemos ações também junto aos órgãos federais, como o IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (processo para equiparar o Tarim como ave doméstica) e o MMA – Ministério do Meio Ambiente, (um processo de iniciativa da CSPET/FOB para regulamentar a questão das aves exóticas e publicação de uma ampla lista de aves domésticas visando unificação para todos os estados).

Junto de nossa equipe técnica, também desenvolvemos projetos em nível estadual em relação à criação, comercialização e exposição de aves exóticas e domésticas, considerando as peculiaridades de cada região.

Hoje existem muitos estados que não regulamentaram a questão da criação de aves exóticas e os outros que regulamentaram, mas não atendem integralmente aos interesses do setor.

Também monitoramos as questões de projetos de leis dentro de municípios, orientando e fornecendo material institucional para os clubes com a finalidade de reverter os projetos que prejudicam ou impedem a criação de aves ornamentais em ambiente doméstico.

 

 


Por: Samia Malas

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