quinta-feira, abril 18, 2024
Banho e Tosa

Como evitar infestação de pulgas no seu pet shop

O verão é o período do ano cujo aumento do volume de atendimento nos serviços de banho e tosa é flagrante. Afinal os tutores não só passeiam mais com seus pets, aproveitando o calor, como também se preocupam em mantê-los refrescados e limpos. Para isso, nada melhor do que banhos e tosas mais frequentes. Mas as altas temperaturas também trazem uma preocupação: a proliferação de pulgas. E quem possui um banho e tosa, recebendo muitos animais diferentes ao longo do dia, precisa redobrar a atenção em relação a esses ectoparasitas. Como vivemos em um país tropical, as pulgas aparecem o ano todo, mas é necessário ficar ainda mais atento durante o verão. As altas temperaturas propiciam o aparecimento e desenvolvimento desses parasitas, que podem provocar alergias, anemias ou até doenças infecciosas nos animais e até no Homem, mesmo que nós sejamos hospedeiros alternativos. “O favorito é o animal, que tem temperatura mais elevada, pelos que servem de esconderijo e abrigo, e também porque eles estão mais próximos do solo, onde as pulgas passam a maior parte da vida”, explica Cibele Nahas Mazzei, veterinária dermatologista da clínica Dermatopet, de São Paulo, e sócia-fundadora da Associação Brasileira de Dermatologia Veterinária.

PROBLEMAS QUE ELAS CAUSAM

As pulgas que atacam cães e gatos são também chamadas de Ctenocephalides canis e Ctenocephalides felis. Além do incômodo que causam aos pets, elas também são transmissoras de doenças. Se o animal tem uma predisposição genética a alergias, as picadas podem causar reações de hipersensibilidade como dermatites, caracterizadas por coceiras muito intensas. Os parasitas também podem causar inflamação e lesões na pele; anemias, uma vez que se alimentam de sangue; doenças infecciosas como a hemobartonelose, que causa anemia, febre e apatia; e também enfermidades parasitárias como a verminose intestinal chamada dipilidiose, uma zoonose que causa diarreia, perda de peso, entre outros sintomas.

NO AMBIENTE

Apesar de geralmente nos preocuparmos com sua fase adulta, quando ela já está se alimentando de sangue, outros momentos de seu ciclo de vida devem chamar nossa atenção. Durante o período de pupa, o ectoparasita pode ficar até 9 meses em estado de hibernação, esperando as condições ideais de temperatura e umidade para eclodirem de seu casulo. Portanto, a pulga pode permanecer escondida nos cantos e frestas do ambiente por muito tempo sem que percebamos. Ou seja, não só precisamos proteger os animais infestados, como também devemos ter cuidado em combater as possíveis infestações nos locais que eles frequentam, como os pet shops. “A infestação por pulgas pode acarretar grandes prejuízos para quem tem um estabelecimento pet. Para evitar esse problema, é preciso conhecer mais sobre a pulga e lembrar que a prevenção é sempre melhor, menos onerosa e mais eficiente que o combate às infestações”, conta Márcia Lima, veterinária dermatologista e professora do Instituto Qualittas de Pós-graduação, do Rio de Janeiro. Mas e aí, como prevenir ou até mesmo acabar com uma infestação que já começou?

ENTENDA A BIOLOGIA DA PULGA

Para se combater algo, é preciso conhecê-lo. A pulga possui pernas poderosas que lhe permitem pulos de até 50 cm para alcançar seu hospedeiro animal, mas ela não voa, portanto não entra pela janela. E, uma vez no animal, dificilmente ela o abandona. “Não é esperado que a pulga de um animal pule para outro que está sentado ao lado. Significa que se encontramos uma pulga no corpo de um cão ou gato, durante a inspeção, antes de recebê-lo para
algum serviço no pet shop, ela não veio do outro animal que estava no colo de alguém na sua recepção, como afimam os clientes
”, esclarece Márcia. Para a veterinária, é muito mais comum que o cão ou gato adquiram o parasita na rua, durante passeios, do que dentro do ambiente do pet shop. Segundo Márcia, existe sim um risco de infestação no ambiente, mas é graças aos ovos que a pulga deixa nos pelos e pele do animal infectado. “Conforme o animal anda pelo ambiente, ele vai deixando ‘uma trilha de ovos de pulga’ pelo caminho”. Outros pets podem receber esses 
ovos em seus corpos se encostarem nos locais onde estão depositados – o chão, a gaiola, na bancada do banho e tosa, no banco da recepção, etc. -, e estes, ao eclodirem, começam a parasitar seus hospedeiros.


HIGIENIZAÇÃO CORRETA

A limpeza adequada do ambiente do pet shop, portanto, é importantíssima para retirar os ovos de pulga, que costumam ficar nas reentrâncias do piso e se proliferam em locais com maior acúmulo de poeira, nos cantos e frestas, onde a luz e o sol não alcançam. Limpar com vassouras e panos úmidos, portanto, não é o suficiente para livrar o local de uma infestação. O uso diário do aspirador de pó – com talco antipulgas dentro do seu reservatório – é essencial. “Minha recomendação para infestações leves de pulgas no ambiente pet é, primeiramente, uma grande faxina, daquelas que arrastamos tudo de lugar. O objetivo é limpar tudo, com foco nos cantos e frestas, usando sabão ou desinfetante. Também precisamos fechar todas as frestas que encontrarmos, com silicone ou argamassa acrílica, que são laváveis”, sugere Márcia. Com as superfícies lisas, sem frestas, é mais fácil e efetivo fazer a higienização. 



Foto: Adogslifephoto/iStock.com

NÃO ACUMULE CAIXAS

Não acumule caixas e restos de materiais de obra. Estes são locais propícios para a proliferação de pulgas e ainda dificultam a limpeza. Se não for possível evitar, coloque tudo dentro de sacos e deixe em um local que os pets não acessem.

DEDETIZAÇÃO ESPECIALIZADA

Mas, se já há uma infestação mais significativa de pulgas, então uma solução é a dedetização no local com uma empresa especializada. Para Cibele, o uso de inseticidas que matam a forma de pupa (estágio antes do parasita se tornar adulto) é essencial. “A pupa é uma forma de resistência do ciclo da pulga onde ela pode permanecer viva no ambiente por muitos meses sem eclodir. […] as empresas devem dar garantia da eficiência dos seus produtos e a dedetização deve ser repetida após 30 dias da primeira aplicação”, diz a veterinária. Depois do processo, é importante investir na prevenção para evitar que infestações de pulgas ocorram novamente. Jamais devemos utilizar antiparasitários sem a orientação de um veterinário, mesmo se houver aprovação dos tutores. Somente um profissional da área tem o conhecimento para avaliar a situação e indicar uma opção eficiente e segura. “Há produtos que interagem com medicações, com a frequência de banho, com as doenças que o pet pode apresentar, perdendo seu efeito preventivo. Ou seja, se usados indevidamente, há grande chance de os antiparasitários não funcionarem e não prevenirem as infestações”, explica Márcia.