sexta-feira, abril 19, 2024
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8 Cuidados na hora Da secagem pós-banho

Foto: Lionel Falcon

Atente-se para regras básicas na hora de realizar a secagem do pelo do seu cliente no banho e tosa

A secagem do pelo do cão após o banho é uma das etapas mais importantes no banho e tosa. Hoje, o groomer conta com equipamentos de ponta para auxiliá-lo nessa tarefa. Porém, que cuidados são necessários para executar um bom trabalho de secagem e evitar acidentes como as queimaduras nos cães?  

1. Seque o pelo até a raiz

É importante certificar-se de que a pelagem está realmente seca, alerta Sérgio Murilo Villasanti, groomer renomado internacionalmente e dono da escola de banho e tosa e pet shop República dos Cães, de Campinas-SP. “A boa secagem depende bastante da textura da pelagem. Algumas texturas são mais difíceis de secar e, às vezes, o groomer não percebe que a raiz do pelo ainda está úmida. Isso pode propiciar a proliferação de fungos, bactérias e causar coceira e doenças no cão”, alerta. “Uma correta e total secagem dos pelos é fundamental para manter a saúde e força da pelagem, além de que um ambiente úmido nesta região, predispõe a descamação da pele, dermatites e a proliferação de fungos”, enfatiza Mallize Gonçalves, pós-graduada em dermatologia de animais domésticos pelo Instituto Qualittas São Paulo.

Outro erro, continua Sérgio, é não se atentar se partes do corpo como pontas de orelhas – ainda mais se forem peludas – axilas, base de cauda e meio dos pés estão totalmente secas, pois a umidade nessas regiões também pode causar fungos e outros problemas na saúde do pet. Para ter certeza de que o cão está seco, Sérgio recomenda que o groomer faça uma inspeção em todo o animal com a própria mão, verificando bem a raiz do pelo. “Vários problemas de pele podem ter origem de uma má secagem, vários. Já vi isso acontecer muitas vezes”, reforça o profissional.  

2. Cães com doenças de pele e alergias

Pets com dermatites e alergias na pele podem ser muito beneficiados com banhos regulares. Isso porque parte do tratamento consiste no uso de shampoos específicos. Porém, a secagem desses pets exige atenção. “Indicamos um banho com água em temperatura ambiente, assim como a temperatura do secador. Em caso de dermatite na pele, a água e a secagem quentes podem agravar o quadro”, alerta a veterinária. 

Foto: mykeyruna/iStockphoto.com

3. Uso da máquina de secar

Sérgio aponta ainda que muitos groomers levam o cão do soprador direto para a máquina de secar, e já colocam lacinho no animal e pronto, deixam na gaiola. Isso é errado. “O cão precisa passar pelo secador mesmo com o uso da máquina de secagem”, diz Sérgio.  

4. Evite queimaduras

Para que não haja acidentes no banho e tosa durante a secagem – como queimaduras – Sérgio recomenda que o groomer preste bastante atenção no que faz durante a secagem. “As vezes o groomer coloca o secador em cima de uma parte do cão e vai escovar outra parte do corpo e se esquece do secador. Nesse descuido o groomer pode sim queimar a pele do pet, ainda mais no verão, em que o calor do secador é potencializado”, argumenta Sérgio. “Aos groomers que costumam usar o secador no modo ‘quente’ para secar mais rápido, aviso que isso é perigoso. Use sempre a temperatura ‘morna’, mesmo assim, sempre prestando atenção no manuseio do secador no corpo do cão”, ensina Sérgio. “É importante se atentar a temperatura do secador, mantendo na potência baixa ou média, pois a alta temperatura pode danificar e ressecar a pele. Importante também manter uma certa distância do equipamento com a pele, para não correr o risco de queimaduras da pele”, reforça Mallize. 

5. Avalie o cão

A hora da secagem é uma boa ocasião para fazer uma inspeção mais detalhada na pele do cão, ensina Sérgio. Por mais que o banho e tosa faça um check-up antes de o animal entrar no serviço, aproveite esse momento para dar mais uma olhada no animal, ver se encontra ectoparasitas, cortes, às vezes um nódulo, que pode ser avisado ao tutor. 

Cães de dupla pelagem – com pelo e subpelo – como o Chow Chow, Pastor de Shetland, Spitz Alemão e Bernese – costumam ser de difícil secagem, alerta Sérgio. “Assim como esses cães são mais difíceis de molhar, também exigem mais empenho para serem completamente secos”, diz. Portanto, nesses casos, o ideal é usar mais o soprador, em 90 ou 95% do tempo, e finalizar com o secador. Sérgio também diz que é preciso cuidado com cães de pelo curto, pois como a pelagem fica mais rente à pele e a água mais “preservada” no local, podem dar um trabalho extra na secagem. 

6. Tempo de secagem

“Não há um tempo ideal para a secagem”, afirma Sérgio. O importante é se certificar que a raiz do pelo esteja seca, passando a mão mesmo, no animal. “São muitas as variáveis, tornando difícil estipularmos um tempo correto para uma boa secagem”, explica o groomer. 

7. Uso do soprador

O soprador ajuda bastante na rotina do groomer, comenta Sérgio, pois ele abre bem a pelagem e sopra a água para fora do pelo, retirando grande parte da umidade. “Ele ajuda, principalmente, na secagem de cães de pelagem dupla”, exemplifica. Contudo, existem alguns riscos na hora de ser usado, e Sérgio faz o alerta: “Existem bicos diferentes de soprador para cada textura de pelagem; é preciso tomar cuidado com o ruído que pode assustar o cão (ele faz mais barulho que o secador); cuidado com cães debilitados, de risco, cadelas gestantes, pois ele faz um pouco de pressão na pele e isso pode prejudicar a saúde mais delicada desses animais; cuidado com filhotes que ainda não estão acostumando a tomar banho, para não traumatizá-los; nunca use o soprador na face do cão – não coloque o soprador de frente no cão, pois ele não consegue respirar com aquele ar e pode até machucar seus olhos – principalmente em cães braquicefálicos – de focinho curto – como Shih Tzu, Pug, Cavalier King Charles e Lhasa Apso.  “Conheço vários cães que deixam passar o soprador no corpo todo, mas quando chega perto da cabeça não deixam mais. Porque ele já foi traumatizado no passado com algum procedimento”, alerta Sérgio. 


Mallize Gonçalves
CRMV-SP 21291 – Médica Veterinária atuante em Campinas e região. Graduada pela Faculdade de Jaguariúna – 2006. Pós-graduada em Dermatologia de animais domésticos pelo Instituto Qualittas São Paulo (2015). Aperfeiçoamento em Dietoterapia e Nutracêuticos pelo SPMV 2015/2019

Sérgio Murilo Villasanti
Reconhecido internacionalmente, jurado de competições e palestrante, o profissional é dono da escola e pet shop República dos Cães, em Campinas, SP. sergiomurilovillasanti.com.br


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