terça-feira, abril 23, 2024
Aves e Aquarismo

Aves e exóticos: mercado ainda tem muito espaço para crescer

Foto: HIT1912/iStockphoto.com

Veja panorama traçado por players do mercado e pela FOB

O crescimento do segmento de aves, em especial, está diretamente relacionado à popularização desse animal como pet e pelo fomento da canicultura, já que criadores de aves, zoológicos, entre outros atores da preservação animal, são consumidores dos produtos desse mercado. Desse modo, a ação da Federação Ornitológica do Brasil (FOB) é fundamental para o segmento. “Nosso objetivo é fomentar a criação de aves em ambiente doméstico, como hobby e atividade recreativa, de entretenimento, conforto e companhia para envolver a família”, ressalta Mário Henrique Simões, presidente da FOB. Segundo Mário, hoje, existem 241 clubes no quadro associativo da FOB, com um total de 8.310 criadores filiados a todos eles. “A região Sudeste é a que mais concentra clubes associados (com 114 associações e 3.700 criadores associados); depois, a região Sul (com 80 clubes e 2.750 criadores); já a região Nordeste tem 36 clubes e 1.500 associados; e, por fim, a Centro-Oeste, com 11 clubes e 360 associados”, revela. Porém, na pandemia, como as exposições foram impossibilitadas, houve consequências negativas para o hobby. “A realização dos campeonatos, além do intuito de avaliação, visa também a uma maior integração entre todos os criadores associados do Brasil em um momento de confraternização e troca de experiências, que também foi muito afetado na pandemia”, exemplifica Mário. “Assim, investimos em informação e aumentamos as veiculações em nossas mídias sociais (Instagram e Facebook: @fobbrasil e Youtub: FOB Brasil”, diz. O mercado de aves no Brasil vem evoluindo em todo o território, aponta Luiz Fernando dos Reis Albuquerque, CEO da Megazoo. “No mercado, proprietários e criadores vêm buscando por produtos de qualidade, diferenciados e que agreguem nutricionalmente aos animais”, revela. 

“A Megazoo exporta para 13 países, estando em toda a América Latina e, a partir do segundo semestre de 2021, vamos começar a exportar para a Europa, o que nos dá muito orgulho”

diz Luiz Fernando dos Reis Albuquerque, da Megazoo

Segundo Alexandre Fernandes Maia, CEO da Supramix, de Penha-RJ, que atende nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rondônia e Pará, o mercado de aves no Brasil é muito forte e competitivo, com criadores cada vez mais exigentes. “Em São Paulo o mercado é mais forte, pois lá estão os maiores criadores e os torneios mais competitivos. Porém, Rio de Janeiro e Minas Gerais são dois Estados em que o segmento vem crescendo”, destaca Alexandre. 

Desafios

Lançar produtos cada vez mais inovadores é um dos desafios dessa indústria, aponta Alexandre. “Hoje o mercado pede por alimentos naturais”, diz. 

Já Luiz Fernando acredita que a grande tendência é a oferta de alimentos extrusados para pássaros. “Eles oferecem toda a segurança alimentar, balanceamento nutricional e qualidade que as aves necessitam. Essa é uma tendência mundial que será longa e continua, frente às sementes”, afirma.

Mercado forte

Embora tenhamos entraves por aqui, Alexandre acredita que estamos entre os top 5 no mundo, mas perdemos para países europeus como Alemanha, Espanha e Itália. “Mas é difícil apontar o mais forte, pois uns são grandes pela diversidade de aves, outros pelas exposições que realizam, outros pela competição”, explica.

Luiz Fernando concorda, e classifica o mercado europeu como o maior do mundo, juntamente com os Estados Unidos. “A Megazoo exporta para 13 países, estando em toda a América Latina e, a partir do segundo semestre de 2021, vamos começar a exportar para a Europa, o que nos dá muito orgulho”, comenta Luiz Fernando, que ainda aponta o Oriente Médio e a Turquia como países apaixonados por aves. “Há crescimento no setor nesses países, desde a falcoaria até criação de psitacídeos e outras espécies”, diz. 

“Em São Paulo o mercado é mais forte, pois lá estão os maiores criadores e os torneios mais competitivos. Porém, Rio de Janeiro e Minas Gerais são dois Estados em que o segmento vem crescendo”

comenta Alexandre Fernandes Maia, CEO da Supramix

Carências

Para que o segmento cresça mais no Brasil, Alexandre acredita que está faltando dar mais credibilidade aos criadores e incentivar mais as exposições.

No plano político, os entrevistados apontam grandes entraves. “Nossos políticos deveriam conhecer mais nossos criadores, entender mais esse ramo, pois muitos os tratam como se fossem traficantes de aves. E os verdadeiros traficantes continuam livres, caçando e vendendo aves pelas principais feiras do país”, opina Alexandre.

Luiz Fernando concorda, e diz que o Brasil continua sofrendo com o atraso nas leis, que são muito restritivas para criadores. “Quando vamos ao Exterior, em eventos, vemos criadores se dedicando a espécies de pássaros brasileiros sem nenhum problema. Aqui não podemos criar várias espécies, o que atrapalha em demasia o mercado nacional”, compartilha. Ainda segundo Luiz Fernando, ao lado da FOB e Instituto pet, a Megazoo vem trabalhando na mudança dessas leis para deixá-la mais saudáveis para todo o mercado e para a verdadeira preservação dos animais nativos, que é feita através da criação. “Cada animal nascido em ambiente doméstico, tira um do tráfico. Porém, infelizmente, os animais criadores em ambiente doméstico ainda têm valor elevado devido ao alto custo gerado pelas leis governamentais”, lamenta.

“Nosso objetivo é fomentar a criação de aves em ambiente doméstico, como hobby e atividade recreativa, de entretenimento, conforto e companhia para envolver a família”

aponta Mário Henrique Simões, presidente da FOB

Exóticos

O segmento de exóticos como pets apresenta as mesmas dificuldades no Brasil, que o segmento de aves, ou seja, faltam leis que o regulamente de forma mais sustentável. “O mercado de exóticos poderia estar muito mais evoluído no Brasil se o governo fosse mais sensível à demanda dos criadores. Infelizmente ainda estamos muito amarrados na questão de liberação de criação e outros. 

As coisas tramitam de maneira muito lenta a nível governamental. Nos Estados de Alagoas, Paraná e Rio de Janeiro, onde os gestores são mais abertos ao segmento, tivemos uma evolução muito maior nesse segmento. Então lutamos para que tenhamos uma lei única no Brasil, que facilite a fiscalização e os criadores, impactando na redução do tráfico desses animais”,aponta Luiz Fernando. “Trabalhamos e apoiamos o mercado veterinário especializado em nativos e exóticos. Somos um dos principais parceiros desse mercado”, finaliza Luiz Fernando. 


Por: Samia Malas


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