sexta-feira, março 29, 2024
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Petisco: Como orientar o tutor a oferecê-lo sem excessos ao Pet?

Orientar seu cliente na hora da venda desse item pode ser um diferencial.

Foto: Divulgação

Os petiscos costumam fazer parte do dia a dia dos alimentos consumidos pelos pets, mas muitos tutores têm dúvidas sobre como eles devem incluí-los na dieta. Assim, confira algumas dicas de especialistas que podem ser usadas na hora de orientar os tutores na hora da venda do snack.

Foto: feedough/iStockphoto.com

USO INTELIGENTE

Existe um consenso entre os especialistas de que os petiscos não são necessários se considerarmos somente o seu valor nutricional, mas por outro lado, eles possibilitam outros benefícios na relação na relação com um animal de estimação. “Os petiscos fazem parte dos momentos de interação entre o tutor e o pet, auxiliando no desenvolvimento e manutenção de laços de amor, carinho, respeito e confiança entre os dois”, explica Flavio Silva, Mestre em Nutrição de cães e gatos pela FCAV/UNESP, de São Paulo. Para ele, o petisco, que costuma ser extremamente palatável para o pet, é um grande aliado para que o manejo se torne mais fácil e divertido. “Não é indicado oferecer o petisco de forma aleatória, sem nenhum propósito. O tutor pode oferecer o petisco, por exemplo, depois que o gato acertou o local de defecar e urinar. Se o cão comeu toda a refeição, ofereça o petisco como ‘sobremesa’ para mostrar o quanto é legal que ele coma toda a refeição”, exemplifica o profissional, ao explicar que o agrado também pode ser usado como um complemento alimentar funcional ou estímulo para os animais com falta de apetite.

NA MEDIDA CERTA

Mas se o petisco pode ter vários usos positivos, qual é a contraindicação? O principal problema é em decorrência do consumo sem limites. “O uso excessivo de petiscos pode levar o pet ao sobrepeso ou até mesmo à obesidade, o que diminui a sua imunidade, acentua problemas articulares e dermatológicos e reduz a expectativa de vida dos cães e gatos”, conta Flavio. Ele também alerta que alguns nutrientes presentes nos petiscos também podem ser prejudiciais aos pets que já possuem outras doenças. Assim, é importante consultar um veterinário para ter orientação profissional em cada caso.

ESTABELECENDO LIMITES

Se o excesso é o problema, então é fundamental entender quais são os limites do fornecimento de petiscos. “Podemos oferecer como petisco até 10% da necessidade energética do animal. Por exemplo, se o pet tem um peso de 10 kg e necessita diariamente de 535 quilocalorias, então ele pode receber em petiscos até 53 quilocalorias por dia”, estabelece Bruna Damiani, veterinária especializada em Nutrição do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas. É importante, portanto, saber exatamente a quantidade de calorias que os pets estão consumindo.
Petiscos não-industrializados, como legumes e frutas são boas opções uma vez que possuem bastante água e fibras, descreve Flávio, mas é preciso atenção, pois as suas calorias são variáveis de acordo com o modo de preparo do alimento, o que pode dificultar o manejo. “Os petiscos produzidos por empresas pet food podem ter essas mesmas características e de forma mais controlada, pois as embalagens indicam a quantidade calórica exata do alimento, além de serem muito palatáveis. Isso torna o manejo mais fácil para o tutor e impede que o pet ganhe peso além do desejado”, esclarece ele. Bruna ainda alerta para o uso indiscriminado do petisco cada vez que o pet tem um comportamento pedinte. “Os tutores, na maioria das vezes, fazem a associação desta atitude ao pedido de alimento. Mas é preciso deixarmos claro que o comportamento de implorar nem sempre é pedido por comida. Outros hábitos devem ser estabelecidos entre as espécies para tornar a interação benéfica. Ao estimular os pets com diferentes atividades, como brincadeiras e exercícios, o ciclo de esperar por comida será quebrado e trará benefícios como a diminuição da ansiedade, nervosismo e melhora no condicionamento físico”, adverte a veterinária .

E OS FELINOS?

Cães e gatos têm comportamentos alimentares diversos, portanto é preciso estabelecer algumas condições diferentes no uso do petisco. Os felinos costumam ser mais seletivos em relação à alimentação, não apreciam trocas constantes de alimentos e podem não aceitar o petisco. “O comportamento nutricional adquirido dos felinos está ligado ao período de desmame que ocorre do primeiro ao sexto mês de vida, e tem uma influência significativa no seu comportamento alimentar. As preferências nutricionais são adquiridas pelas experiências de aprendizado”, explica Bruna, ao orientar que os tutores devem diversificar tanto a dieta da gata mãe, quanto a dos seus filhotes, fazendo com que adquiram um paladar mais amplo, com uma grande variedade de aromas, texturas e sabores. Os petiscos estão incluídos neste processo. “Intervenções como estas evitam problemas de anorexia em gatos que necessitarão de dietas restritas no futuro e podem minimizar situações chamadas de ‘efeito monotonia’, em que o animal simplesmente para de se alimentar devido à saturação de um alimento específico”, complementa ela.

Foto: StockSnap por Pixabay

PETISCOS ATRATIVOS AOS GATOS

Para o gato, uma das características mais importantes do petisco é o aroma. Afinal, seu olfato é cerca de 14 vezes mais potente que o dos humanos. “Ele é muito mais importante do que o sabor porque os gatinhos não têm um número grande de papilas gustativas, como é o nosso caso ou mesmo dos cães. Por isso as marcas apostam mais em aromas cárneos, de peixes ou de frutos no mar”, conta a médica-veterinária Carla Maion, nutróloga de cães e gatos. Ela explica que, como são essencialmente carnívoros, os felinos ficam interessados principalmente por produtos de origem animal, mas texturas variadas também os atraem. Um exemplo é o snack que é crocante por fora e macio ou cremoso no interior.
Apesar de existirem texturas (patê, gelatinoso, pedaços ao molho) e sabores (como carne, frango e peixe) diversos, duas grandes características definem os tipos de petiscos para gatos: secos e úmidos. Cada um tem sua vantagem. “O petisco úmido contém mais água em sua composição, o que torna o alimento ainda mais palatável. A principal característica do seco, por sua vez, é a crocância, que também pode ser muito atrativa para o gato”, descreve Flávio.
Vale ressaltar que o petisco úmido tem uma função importantíssima na rotina da alimentação felina, que é aumentar sua ingestão de líquidos. Afinal, sachês costumam ter em sua composição até 85% de água. O felino, graças a adaptações no seu organismo para viver na natureza, costuma se hidratar menos do que deveria para se manter saudável e pode desenvolver, no médio e longo prazos, problemas nos rins. O petisco úmido, portanto, pode ser um instrumento de apoio na prevenção.
É fundamental que o tutor então observe quais tipos interessam mais o seu pet para utilizá-los da melhor maneira para enriquecer a sua alimentação e o seu dia a dia.


Agradecemos Bruna Damiani Médica-veterinária especializa em Nutrologia de Cães e Gatos pelo Instituto IMAN. Atua no Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas-SP; Carla Maion Médica-veterinária com pós-graduação em Nutrição de Cães e Gatos pela Qualittas. Influenciadora veterinária. Instagram: @vet_nutri e Flávio Lopes da Silva Médico-veterinário, mestre em nutrição de cães e gatos e supervisor de capacitação técnico-científica de empresa de alimento animal.