sexta-feira, março 29, 2024
Atualidades

Investindo na saúde e bem-estar dos pets

Foto: Halfpoint/iStockphoto.com

Confira algumas tendências e desafios desse setor que é fundamental para a longevidade dos animais

egundo a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), em 2019, o setor vet cresceu 15%, mais que o segmento pet food e pet care (8,4 e 8,5% respectivamente). Tais dados já antecipam um pouco do que é esse gigante mercado. “A indústria veterinária vem em processo contínuo de crescimento há vários anos e, apesar da pandemia, esta evolução não parou, ao contrário, no ano de 2020 houve uma aceleração, devido ao aumento de pets nas residências. Em 2021, voltamos ao patamar normal de crescimento, houve uma mudança na postura do consumidor, acredito que por medo do cenário econômico, mas continuamos em crescimento”, aponta Marcos Alberto Taiar, sócio proprietário da distribuidora Vet Vida, que trabalha com medicamentos e linha de cosméticos, representando três laboratórios. “Apesar do constante crescimento, ainda vemos um caminho enorme a ser seguido de conscientização para cuidados rotineiros com nossos amigos pets. As pessoas vêm percebendo e entendendo que quanto mais tecnologia, mais hábitos saudáveis elas tiverem com seus amiguinhos, mais qualidade e longevidade terá a vida deles”, acrescenta Marcos.

“Acreditamos que o mercado pet/vet no Brasil tenha um potencial enorme de crescimento e outras economias, como a dos EUA, buscam a expansão em países como o nosso”

Claudia Barbagli Barbosa, da Pet Med

A indústria pet e vet possuem  grande expressão na economia brasileira e mundial, segundo aponta Claudia Barbagli Barbosa, CMO -Negócios & Marketing Internacional da Pet Med. “O Brasil está entre os cinco países de maior representatividade no mundo, junto a Estados Unidos, China, Reino Unido e Alemanha. Nos últimos 8 anos, o cenário de faturamento pet no Brasil cresceu de 24,3bi para 40bi. Acreditamos que o mercado pet/vet no Brasil tenha um potencial enorme de crescimento e outras economias, como a dos EUA, buscam a expansão em países como o nosso”, ressalta.

Cristiano de Sá, Diretor da Vetnil, aponta que temos empresas da indústria veterinária com alta tecnologia embarcada em suas plantas, alta capacidade produtiva e altos critérios de qualidade, nos igualando, em qualidade e capacidade, aos grandes produtores mundiais. “As indústrias veterinárias contam com uma grande cadeia de logística e distribuição, com características específicas, que permitem que o produto chegue ao consumidor com as propriedades necessárias para ter o melhor efeito”, acrescenta. Ainda de acordo com Cristiano, estamos em um momento de transição e de muitas dúvidas no setor veterinário. “A pandemia gerou um maior número de adoções e compra de animais de estimação e um aumento do cuidado por parte dos tutores. Esse maior cuidado levou os mesmos a procurarem maior orientação veterinária, o que impacta diretamente no uso de produtos destinados à saúde animal. Isso gera uma boa perspectiva, pois o uso de medicamentos, ou índice de medicalização, está diretamente ligado ao maior cuidado e a visita mais frequente ao médico veterinário, o que no Brasil ainda é muito baixo quando comparamos a outros países”, revela.

Particularidades

Claudia comenta que as empresas do setor vet estão em constante transformação, utilizando todo o benchmarking do mercado de saúde humano, para o mercado pet. “Muitos profissionais da área comercial, trade e marketing estão migrando também para grandes players da indústria e varejo pet. A principal dificuldade está nessa adaptação de mercado e em suprir com excelência as demandas especializadas”, aponta Claudia.

“A indústria veterinária vem em processo contínuo de crescimento há vários anos e, apesar da pandemia, esta evolução não parou, ao contrário, no ano de 2020 houve uma aceleração”

Marcos Alberto Taiar, da distribuidora Vet Vida

Já Cristiano ressalta que o mercado veterinário farmacêutico, principalmente o de animais de estimação, é um mercado muito promissor, mas como todos os demais mercados apresenta suas particularidades e dificuldades. “Poderíamos ter um cenário ainda melhor, porém alguns tipos de produtos exigem trâmites regulatórios que demandam tempo e que acabam não acompanhando a velocidade das mudanças tecnológicas. Há possibilidades de inovação que não avançam por falta de suporte e agilidade no arcabouço regulatório”, compartilha o diretor da Vetnil. 

Outro ponto que deve ser levado em consideração, continua Cristiano, é que, “como qualquer setor que cresce, há uma maior concorrência no segmento vet, o que aumenta o interesse de ‘jogadores’ de outros setores em entrar nesse segmento, o que por um lado é bom, pois leva à profissionalização, mas por outro lado aumenta a necessidade de investimentos e, muitas vezes, ocorrem novas práticas comerciais que, em um primeiro momento, desconfiguram o mercado.”

Desafios

O maior desafio, aponta Marcos, é o aparecimento de novos laboratórios, fazendo produtos similares com preços reduzidos. “Não sabemos qual tipo de tecnologia, procedência e qualidade de matéria-prima, e nem o controle de qualidade na fabricação do produto. Porém, na visão de alguns pequenos empresários, fica mais viável trabalhar com um produto inferior, mas que ele tem um menor desembolso”, revela Marcos.

“Poderíamos ter um cenário ainda melhor, porém alguns tipos de produtos exigem trâmites regulatórios que demandam tempo e que acabam não acompanhando a velocidade das mudanças tecnológicas”

Cristiano de Sá, da Vetnil

Por muitas empresas trabalharem com importação de produtos e matéria-prima, o principal impacto no cenário de pandemia foi na alta de preços, mas a força do mercado os ajudou a superar esse desafio, opina Claudia. “Nós, da Pet Med, passamos por diversos desafios. Nosso principal foco foi a prevenção ao Covid-19, direcionamento de investimentos para as áreas sociais e mudanças drásticas de estratégias de negócios, impulsionando o mercado digital”, revela.

Tendências

As tendências apontadas por Marcos são de produtos cada vez mais naturais – livre de conservantes, palatabilizantes, etc. – e de prevenção, tanto na parte terapêutica quanto nos cosméticos pet. “Existe um foco muito grande na mudança de hábitos para que o animal de estimação não tenha problemas, enfermidades que poderiam ser evitadas, tornando, assim, seus dias mais prazerosos”, reforça. O crescimento das práticas de prevenção ainda é um pouco mais lento, compartilha Marcos, fazendo-se necessário uma mudança de mindset no tutor. “Ele precisa ser convencido de que apesar do maior investimento mensal no seu amigo hoje, futuramente haverá uma economia, além da possibilidade de evitar alguns processos dolorosos, desconforto, e aumentar a longevidade do animal”, revela.

Uma grande tendência que, na verdade era um paradigma no setor, e que foi derrubado por conta da pandemia, é o mercado digital, acrescenta Claudia. “Nós também acreditamos e investimos em tecnologia para estar mos mais perto de nossos clientes nesse ambiente digital. Estamos aprofundando o conhecimento na jornada de cada cliente e trazendo soluções tecnológicas e inteligentes para o cuidado dos pets, principalmente para proteção e pós-cirúrgico”, compartilha.

“Nos segmentos com grande volume de vendas e baixa diferenciação a tendência é consolidar. Distribuição idem, ela vai se amalgamar nesse processo”

Luiz Luccas, do V2PET

Luiz Luccas, empresário e consultor de empresas e de fundos de investimentos com mais de 20 anos de experiência no setor pet, co-fundador e diretor do V2PET, o primeiro market place B2B para o mercado pet da América Latina, aponta uma grande tendência do setor vet e pet food: as consolidações. “Existe um movimento de consolidação da indústria em alguns setores com menor número de players e maior participação desses players, principalmente em pet food e medicamentos, isso é mais claro. A tendência de consolidação acontece onde tem um grande volume, consumo recorrente, e número curto de itens. Quando você amplia o número de itens, isso atrapalha um pouco o processo de consolidação, de união de empresas, pois a demanda está muito relacionada a uma série de produtos. Nos segmentos com grande volume de vendas e baixa diferenciação a tendência é consolidar. Distribuição idem, ela vai se amalgamar nesse processo. Muitos distribuidores pequenos e médios tendem a desaparecer. A perder participação por venda direta e vão sobrar distribuidores mais regionalizados que fazem função maior de gerar demanda, de agente comercial, do que propriamente vender”, aponta Luiz.

Cristiano acredita que estão ocorrendo grandes mudanças no setor pet, principalmente no varejo, na forma dos tutores se informarem, e em produtos com diferenciações tecnológicas. “Como na maioria dos setores, a tecnologia criou novas formas de comercialização dos produtos, a venda on-line está crescendo exponencialmente, o que gera novos players e também mudanças no comportamento de consumo. O que faz com que a indústria tenha que se reinventar e verificar a melhor forma de atender a esse consumidor”, explica. 

Cristiano também aponta que o varejo está recebendo grande aporte de grupos de investidores, prevendo um cenário de consolidação com forte presença de três ou quatro grandes redes, tanto na venda de produtos como na venda de serviços. “O uso de produtos que levam à uma maior qualidade de vida e que atuem na prevenção de doenças, como os suplementos, estão ganhando relevância no cuidado dos cães e gatos”, destaca. “O pet entrou definitivamente nos lares brasileiros e está cada vez mais presente em todos os momentos e interações familiares, com isso, a possibilidade de produtos e serviços que mantenham essa relação saudável aumentou muito e continuará aumentando, quanto maior essa relação maior as possibilidades.  Dessa forma, acredito que esse segmento ainda será promissor por muito tempo”, continua.

Já Claudia revela que, embora tenham tido crescimento relevante em 2020, hoje buscam consolidar as estratégias alinhadas à nova realidade de mercado. “Temos lançamentos bem interessantes para 2021 e estamos nos preparando para o pós-vacinação, que virá com a volta dos eventos Pet South America e ABHV, além da volta de uma nova vida pós- -pandemia”, finaliza Claudia.


Por: Samia Malas


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