Como evitar brigas entre sócios?

Ter um ou mais sócios pode ser um grande benefício, mas também pode causar muita dor de cabeça. Quando existe um planejamento bem delimitado, com passos claramente identificados, prazos factíveis, custos e demais variáveis conhecidas e entendidas por todos, é menor a chance de discussões “acaloradas” de papéis sobrepostos e medição de poder, sobretudo quando uma decisão de um sócio desagrada outro sócio que poderia também realizar tal decisão.
Se sócios têm o mesmo poder de decisão, o que fazer quando um não aceita a proposta do outro em determinado assunto? Por exemplo, um sócio deseja fazer empréstimo para modernizar o TI da empresa, mas o outro
deseja esperar, guardar dinheiro e somente fazer a modernização quando não precisar de auxílio de empréstimos.
Em qualquer negociação, considerando-se que façamos ela sempre como ganha-ganha, pressupõe-se que os lados presentes possam ceder em um ou outro ponto. Se existir intransigência de um dos sócios, pode ser interessante deixar a decisão para outro momento. Se o assunto seguir sem definição acordada por muito tempo, o ideal é adotar algum parâmetro para mediação (dados, pessoas) para tornar possível um acordo mútuo. O ponto que destaco é que uma sociedade pede que essa negociação seja constante.
Se todos forem atuantes na empresa, deverão saber claramente seus papéis e responsabilidades, e nada melhor do que mapear o perfil comportamental e profissional de cada um.
Deste modo, se for realizado um processo focado na evolução, ou seja, com destaque para os pontos fortes de cada um, a aceitação do papel e a responsabilidade poderão ser facilitadas.
Um planejamento bem feito pressupõe que todas as variáveis sejam visitadas.
O acordo de acionista é um dos elementos que deve estar mapeado, bem delimitado com todos os itens claramente descritos e entendidos por todos, e acordado. Nada impede que o acordo seja realizado depois da sociedade estabelecida, porém, considero que é incluir ruídos em um dia a dia agitado. Fazer o acordo nos momentos iniciais já irá identificar até se a sociedade terá grandes chances de sucesso.
Se um sócio considera que outro trabalha mais do que ele, é importante revisitar os planejamentos feitos e verificar se tudo o que havia sido acordado está, de fato, ocorrendo. Quando o foco está no planejado e não nas pessoas, ficará muito mais se entender e ajustar detalhes. Em uma sociedade é normal que, em determinados momentos, um sócio trabalhe mais do que outro. Considere, por exemplo, que um sócio está com atuação no desenvolvimento de novos produtos, outro no marketing e um terceiro em recursos humanos. São papéis bastante distintos com cargas de trabalho também distintas. Outra situação pode ser, por exemplo, a fraca presença de um sócio nas reuniões executivas.

Para resolver essa situação, considerando que todos sejam profissionais e responsáveis, é preciso identificar a raiz do problema e colocar na mesa para alinhamento. Caso seja algo recorrente, mesmo com alinhamentos realizados, será preciso analisar novamente os papéis e as responsabilidades de cada um. Em suma, para ser bem-sucedida, uma empresa deve ter metodologias, procedimentos e processos bem desenhados e acreditados por todos Uma empresa deve ser maior do que um ou outro comportamento inadequado, e ela deve ter mecanismos que consigam minimizar e eliminar essas situações.

Carlos Renato Dias é sócio nas empresas Direção e Sentido Coaching e Treinamentos e do Grupo BD Tecnologia.