quinta-feira, março 28, 2024
Administração

Sacolas plásticas: as vilãs do meio ambiente

O plástico faz parte da vida moderna, sendo incorporado ao cotidiano das pessoas de tal forma que a proibição de seu uso em supermercados gera polêmica, debate e muita discussão. Recentemente, cerca de 80% dos supermercados do Estado de São Paulo pararam de fornecer sacolinhas plásticas aos seus consumidores.
A iniciativa nasceu de uma parceria entre a Associação Paulista dos Supermercados (Apas) e o governo do Estado de São Paulo e já está dando o que falar. Tal medida já foi aplicada em Belo Horizonte-MG e é comum há muitos anos em países no mundo todo, como a França, por exemplo. E agora chegou a vez dos paulistas abrirem mão deste hábito em prol do meio ambiente. No entanto, até que ponto abolir as sacolas dos supermercados e de outros estabelecimentos comerciais, como os dos negócios pet, ajuda na preservação do meio ambiente, caro leitor da Pet Center?
Ou esta medida se resume a uma guerra de mercados entre a indústria do degradável e a do biodegradável? A seguir, dois pontos de vista mostram os dois lados da moeda e os prós e contras da medida que ainda promete muito debate no Estado!

A favor da abolição das sacolas plásticas

Defendendo a medida, temos o depoimento da sócia-diretora da Arbache Consultoria, Ana Paula Arbache, responsável pelas ações de Gestão de Pessoas, Liderança, Cidadania Corporativa, Sustentabilidade Ética, Social e Ambiental e Elaboração e Aplicação Jogos de Negócios: 
“O benefício mais importante que esta medida gera para a sustentabilidade ambiental é o papel educativo que ela pode assumir junto aos diferentes públicos envolvidos, ou seja, todos que participam, de alguma forma do processo de consumo e pós-consumo. Acredito que é pela educação e pela consciência crítica que poderemos mudar a forma como vivemos e como estamos tratando o meio ambiente e avançar na conquista de novas políticas, legislações, estruturas, capazes de alavancar uma gestão de sustentabilidade ambiental legítima e adequada ao cenário brasileiro.
Conforme indica a Apas (Associação de Supermercados Paulista) há uma estimativa de que, num primeiro mês, cerca de 80 toneladas de descarte de sacolas de origem petrolíferas deixariam de ser descartadas no meio ambiente. Contudo, para que a medida possa ser vitoriosa, os consumidores devem mudar o hábito de consumo e privilegiar sacolas 100% biodegradáveis (como o caso das sacolas ecologicamente corretas, feitas de amido de milho – que se decompõem no meio ambiente em até dois meses em usinas de compostagem).
A proibição representa um avanço, pois estamos deixando o discurso e adentrando ao espaço da prática, do cotidiano. Dessa maneira todos poderão perceber o quanto é possível e factível desenvolver novas formas de viver neste mundo, respeitando o meio ambiente e deixando um legado positivo para as futuras gerações. Para tanto, é preciso que todos possam contribuir para que esta medida possa gerar bons frutos. Não é somente abolir a sacola plástica, é também gerenciar a cadeia produtiva, educar consumidores e funcionários, desenvolver produtos e serviços inovadores, e aderentes ao desenvolvimento sustentável. Cabe também solicitar e cobrar dos governantes, legislações e estruturas voltadas para suportar práticas sustentáveis.
É preciso integrar as boas ações, ter parcerias que possam avançar no desenvolvimento dessas práticas e avaliar constantemente o impacto que as mesmas geram ao meio ambiente. Dessa forma, teremos um repositório de lições aprendidas e poderemos melhorar continuamente nossas ações. O trabalho deve ser em conjunto e deve ser monitorado sistematicamente, só assim deixará de ser modismo ou uma ‘mera etiqueta sustentável’ para ser objeto de uma política permanente e legítima voltada para o desenvolvimento sustentável”.

Contra a proibição

Juvenal Azevedo é jornalista e contra a proibição das sacolinhas plásticas nos supermercados. A seguir, confira sua opinião:

“O primeiro argumento contra a proibição das sacolinhas é que o custo delas já está embutido no dos produtos vendidos pelos supermercados. Assim, esta medida é uma usurpação de um direito adquirido pelo consumidor. Cabe agora ao Ministério Público e ao Procon acabarem definitivamente com essa tentativa mercadista de transferir o custo das sacolinhas para o consumidor final, tal como o fez o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), que decidiu, por unanimidade, que a campanha “Vamos tirar o planeta do sufoco” trata-se de publicidade enganosa.
A guerra contra a ganância e o cinismo dos donos de supermercados continua, bastando lembrar que as sacolinhas são usadas para recolher os diversos lixinhos domésticos das cozinhas, banheiros e outros, além de serem bastante utilizadas no recolhimento do cocô dos cachorros em vias públicas. Além do mais, os supermercados são um imenso playground de embalagens não recicláveis.
É só ver as embalagens pets dos refrigerantes, os plásticos de laticínios, as embalagens plásticas de arroz, feijão, farinhas, macarrão, biscoitos, os detergentes e materiais de limpeza, as bandejinhas e os filmes plásticos que embalam as carnes, frios e queijos, ou seja, praticamente tudo que neles é vendido é embalado em plástico. Mas como essas embalagens já vêm dos fabricantes, o jeito de conseguir aumentar o lucro dos mercados é, demagogicamente, tentar tirar as sacolinhas de circulação, transferindo o custo para o consumidor final, com a conivência dos jornais e de outros veículos de comunicação”.

Você sabia?
Que as sacolas plásticas levam pelo menos 300 anos para se decomporem?

Você sabia?
Que em todo o mundo são produzidos 500 bilhões de unidades a cada ano, o equivalente a 1,4 bilhão por dia ou a 1 milhão por minuto? No Brasil, 1 bilhão de sacolas são distribuídas nos supermercados mensalmente – o que dá 66 sacolas por brasileiro ao mês

Você sabia?
Que as sacolas plásticas surgiram no fim da década de 50 e eram símbolo de status entre as donas de casa e motivo de orgulho das redes de supermercados? Mas em apenas meio século se tornaram as vilãs do meio ambiente

Você sabia?
Que desde 2002, na Irlanda, na venda de cada sacola é cobrada uma taxa que é revertida em projetos ambientais?

Você sabia?
Que as sacolas de plástico oxibiodegradáveis desaparecem no meio ambiente em apenas 3 anos, ou seja, em um tempo 100 vezes menos que as sacolinhas tradicionais? Isto aconteceu pois elas vêm com um aditivo químico que acelera a decomposição em contato com a terra, a luz ou a água.