sexta-feira, abril 19, 2024
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Clientes negligentes

Com a paralização econômica que vivemos, muitas empresas se encontram com um grande problema em suas áreas financeiras, que é a alta da inadimplência dos consumidores. Contudo, esse problema leva a outro, como cobrar corretamente o cliente sem que se ocasione problemas no relacionamento e em futuros negócios?
Nesse momento é necessário um pensamento lógico, conhecendo a fundo quem está devendo e traçando uma estratégia para receber esses valores ou até mesmo buscar medidas legais. Por esse motivo, primeiramente, acho relevante detalhar os quatro perfis dos devedores que mais observo no mercado. São eles:
 
Devedor viciado, que muitas vezes não possui nem mesmo problemas financeiros, porém, seu subconsciente sempre faz com que atrase os pagamentos, seja para se prevenir de imprevistos ou por outros motivos. Contudo, esse pode até pedir para renegociar os juros, mas sempre pagará;
 
Devedor ocasional é o consumidor que busca manter as contas em ordem, tendo sempre a intenção pagar, entretanto, por motivo da ocorrência de algum problema, não conseguiu arcar com o compromisso. Geralmente fica muito irritado quando cobrado, pois não pensa que é devedor e se acha injustiçado, afinal sempre pagou tudo em dia. Neste caso é necessário muito cuidado para não desgastar a relação;
 
Devedor negligente é muito comum, pois representa o consumidor que não possui sua vida financeira organizada, então facilmente deixará de pagar suas contas por ter esquecido. Neste caso, o papel do cobrador é o de lembrá-lo de seus compromissos. Contudo, as negociações tendem a ser mais complexas pois, como nunca se preocupa com suas obrigações, é vítima constante de dificuldades financeiras e de eventos imprevisíveis. Sendo assim é necessário estabelecer acordos bem claros com ferramentas para alertar o devedor sobre prazos de pagamentos; 
 
Mau pagador: um grande problema para quem faz a cobrança. Ele sabe que deve, já tem esse fato como uma constante em sua vida, mas mesmo assim se recusa a pagar, se esquiva do cobrador de todas as formas, inventa desculpas, desaparece, não está preocupado com o seu nome. Este caso deve ser tratado de forma mais enérgica, com uma cobrança mais intensa, que pode chegar às últimas consequências legais. Lembrando que dificilmente este será um consumidor interessante, afinal, de que adianta vender se terá que realizar uma maratona para recebe?
 
Lógico que esses padrões são variantes, principalmente em tempos de crise. Por esse motivo existem alguns procedimentos básicos a serem seguidos para facilitar as cobranças e minimizar desgastes.
Primeiramente, sempre que acontecer o atraso, ligue e mande e-mail no dia seguinte pedindo “ajuda” para localizar o pagamento que não entrou, peça para o cliente enviar o comprovante para “facilitar” a procura.
Se não tiver uma resposta em dois dias, ligue cobrando gentilmente, explicando que precisa receber os valores em aberto, já que estes são importantes para o dia a dia da empresa. Cobre do cliente uma posição efetiva, por exemplo, vou pagar dia tal, e envie e-mail pedindo confirmação por escrito.
É interessante enviar informativos reforçando os novos prazos de pagamento. E caso o pagamento não ocorra, semanalmente se deverá buscar uma definição amigável da situação.
 
Se as ações não surtirem efeitos ou o débito tiver mais de 45 dias, a experiência diz que esse valor deve ser passado para o escritório de advocacia de sua confiança para notificar o devedor para pagamento sob pena de iniciar ação judicial.
Muitos devedores só pagam após a ação de cobrança bater na porta, seja por medo de penhora ou em função do grande aumento da dívida, noto que parte expressiva dos devedores fazem composição de pagamento em audiência.
Se não houver composição para pagamento, a busca para recuperação do crédito já estará iniciada e os advogados irão utilizar uma grande quantidade de estratégias de localização de valores e bens para assegurar seu recebimento.
Enfim, como se pôde observar, para o combate à inadimplência deve haver uma boa política de cobrança, uma rigorosa avaliação de crédito, e excelentes profissionais para que possibilitem suporte.